
Durante a abertura do Fórum Agro, evento realizado pelo Grupo RCN em parceria com o Lide-MS, a senadora por Mato Grosso Sul, Tereza Cristina (PP) chamou a atenção para dois temas que considera cruciais ao futuro do agronegócio: os riscos de medidas tarifárias internacionais e a necessidade de proteger os produtos brasileiros com leis que assegurem competitividade.
Em um discurso firme e aplaudido pelo público, Tereza ressaltou que a agropecuária sempre foi o motor da economia sul-mato-grossense e que o setor precisa se manter unido para enfrentar os desafios que vêm sendo impostos globalmente.
“Trabalhar num país onde todo dia a gente precisa lutar para que ele não seja destruído é um desafio. E quem faz isso são vocês, os produtores. A nossa agropecuária é uma das mais sustentáveis do mundo, e precisamos mostrar isso para fora do Brasil”, destacou a senadora.
“Não é uma questão de ideologia, é de soberania”
Tereza Cristina comentou sobre a lei recém aprovada, da qual foi relatora no Senado, que trata da defesa comercial brasileira frente a possíveis retaliações internacionais. A norma, segundo a senadora, foi uma resposta à lei antidesmatamento da União Europeia, que impõe barreiras a produtos de países em desenvolvimento.
“Essa lei não tem a ver com direita ou esquerda, é uma lei do Brasil, feita com maturidade e equilíbrio. Serve para sentarmos à mesa com outros países em igualdade de condições, sem submissão. Ela protege os nossos produtos e a nossa agropecuária”, afirmou.
A senadora também alertou sobre os reflexos da política internacional, mencionando os impactos do chamado “tarifaço” dos Estados Unidos sob a administração Trump. Segundo ela, é preciso atenção aos movimentos globais, pois decisões unilaterais de grandes potências podem atingir diretamente o campo brasileiro.
Liberdade intelectual e tecnologia como ativos estratégicos
Um dos pontos mais sensíveis abordados por Tereza Cristina foi a liberdade intelectual e a segurança tecnológica no campo. Segundo ela, a nova legislação inclui mecanismos que podem proteger o país em caso de conflitos comerciais envolvendo tecnologias importadas.
“Nós dependemos muito de tecnologia genética, de inovação, de produtos com patentes estrangeiras. Por isso, essa lei também contempla a possibilidade de, em último caso, adotar medidas de proteção, inclusive com quebra de patentes — algo que ninguém deseja usar, mas que precisa estar previsto para garantir liberdade intelectual e independência do Brasil em momentos de crise”, explicou.
Para a senadora, o objetivo não é romper com acordos, mas garantir que o país possa agir com autonomia. “Precisamos sentar à mesa com igualdade de condições, não como país pequeno. Não podemos permitir que interesses de fora prejudiquem a produção nacional.”