Refúgio para moradores de rua, ponto de uso de drogas e local para descarte de lixos, tudo isso acontece nesta Escola de Educação infantil (EMEI) inacabada no bairro São Conrado, menos a educação. Localizada na rua Curvelo, a obra está parada há mais de 10 anos e os moradores sentem que o bairro está esquecido pelo poder público.
Divina da Luz Boaventura mora no bairro há mais de 11 anos e conta que se a creche estivesse pronta, seus netos poderiam usar e também ajudaria muito outras famílias na região. "Meus netinhos poderiam estar usando, e não só eles, amigos e vizinhos precisam levar suas crianças longes para ir para a escola sendo que poderiam usar aqui, muitas vezes até se atrasam para trabalhos e comprimissos por conta da distância. Se a creche estivesse pronta, estaríamos tranquilos", ressalta.
O construtor Aindes Alves, se mudou de Dourados para Campo Grande há 3 anos esperando ter uma vida melhor para ele e sua família, desde então ele mora no bairro São Conrado e conta que pela situação, já pensa em voltar. "Aqui tá bem inferior a Dourados já viu, aqui é difícil, creche abandona, não tem asfalto na rua, ta tudo bagunçado. Então tem que ver isso aí né, capital do estado né, eu achava que era uma coisa e é outra. Estamos aqui tentando a sorte mas, pelo jeito, vamos voltar para Dourados de novo".
Alves conta ainda que além da falta que faz para a educação das crianças, a obra abandonada deixa o bairro mais perigos pois atrais vândalos e usuários de drogas."Aqui é muito perigoso, por causa dessa obra aqui, tem um pessoal que já tá pensando até em sair daqui, muito perigoso. Você não pode andar a noite aqui em volta da creche, já aconteceu de pessoas serem roubadas pelos caras que ficam la dentro, a gente fica inseguro, ainda mais tendo criança pequena em casa. Meus filhos poderiam estar aí, filhos de amigos poderiam estar aí, é triste ver uma obra bonite dessa, esquecida assim", lamenta.
E enquanto obras não são concluídas, a população continua reivindicando seu direito na capital. Só neste ano, mais de 700 pais, mães e responsáveis procuraram a Defensoria Pública em Campo Grande para pedir ações contra a falta de vagas em EMEIs. Desse total, quase 70% dos casos foram ajuizados.
Após contato, a prefeitura da capital disse que o principal problemas nas EMEIs é a não efetivação da matrícula feita pelos pais ou responsáveis no período correto, e acabam perdendo a vaga.
Sobre a obra no bairro São Conrado, a Secretaria Municipal De Infraestrutura E Serviços Públicos (Sisep) retornou que a empresa que estava encarregada da conclusão da construção pediu rescisão de contrato e, em breve, será feita uma nova licitação.
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