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ELETRICIDADE DA BIOMASSA

Energia gerada em termelétrica de Ribas poderia abastecer MS por meio ano

Empreendimento entrou em operação nesta semana e é o segundo maior gerador de energia de biomassa do país

Fábrica foi inaugurada oficialmente em outubro de 2024
Fábrica foi inaugurada oficialmente em outubro de 2024 | Foto: Reprodução/Suzano

A Usina Termelétrica (UTE) da Suzano – maior fábrica de celulose em linha única do mundo -, localizada em Ribas do Rio Pardo-MS, entrou oficialmente em operação comercial nesta semana. A termelétrica utiliza como principal combustível o licor negro – biomassa de origem florestal de alto teor energético gerado pela indústria de papel e celulose.

A autorização concedida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), na quarta-feira (29), vai permitir que a UTE Suzano, composta por três unidades geradoras, passe a integrar a matriz elétrica do país com uma capacidade instalada de 384 megawatts (MW).

Toda essa energia gerada a partir da biomassa florestal poderia abastecer todas as residências do estado por, pelo menos, seis meses, caso não fosse utilizada integralmente pela fábrica. Mas a maior parte dessa energia limpa é voltada justamente para garantir o funcionamento da indústria de papel e celulose.

Segurança energética

A usina foi contratada no ambiente de comercialização regulado, por meio do Leilão A-4, realizado em 2022, e faz parte do esforço do governo e do setor privado para expandir e diversificar a oferta de energia no país.

Além de ser autossuficiente em energia limpa, a Suzano em Ribas produzirá um excedente de aproximadamente 180MW, que atenderá aos fornecedores satélites da fábrica e contribuirá com o Sistema Interligado Nacional (SIN).

Somente essa energia excedente é suficiente para abastecer mensalmente uma região com mais de 2 milhões de habitantes, ou então o equivalente a duas cidades como Campo Grande.

Com essa autorização de integrar o SIN, a usina se torna a segunda maior geradora de energia de biomassa do Brasil, ficando atrás apenas de uma unidade localizada em Lençóis Paulista, no interior de São Paulo, que opera com 409,3 MW.

Além disso, a Central Geradora Suzano RRP1, como é chamada, também se tornou a segunda maior geradora de energia localizada integralmente em Mato Grosso do Sul, perdendo apenas para a usina termelétrica, da Petrobras, movida a combustível fóssil, instalada em Três Lagoas.

Já a maior geradora de energia do estado é a usina de Jupiá, que gera 1.551 MW. No entanto, está situada na divisa entre Três Lagoas com Castilho (SP), considerado um empreendimento do estado vizinho.

Amostra de licor negro – Foto: Divulgação/Suzano

Licor negro

O licor negro é classificado como uma biomassa de origem florestal de alto teor energético, sendo um subproduto do processo Kraft (cozimento da madeira), o mais utilizado no país para a produção de celulose.

Após o cozimento, este licor é concentrado e depois utilizado para queima na caldeira de recuperação. Nessa etapa, ao ser queimado, libera calor que produz vapor para o processo, gerando eletricidade.

No Brasil, há outros 22 empreendimentos em operação que utilizam o licor negro, com uma potência outorgada total de 3.307.000 kW. 

Setor energético do estado

A matriz energética sul-mato-grossense conta atualmente com 3.026 empreendimentos de geração de energia, o segundo maior número do país. No entanto, a potência outorgada – ou seja, a capacidade máxima autorizada – do estado é de 6.800 megawatts (MW), representando apenas 1,58% da potência total outorgada do Brasil, o que coloca Mato Grosso do Sul entre os dez estados com menor participação na geração nacional.

A potência fiscalizada, que considera a capacidade já em operação, é de 3.300 MW. A diferença entre os valores se deve ao fato de que novos polos geradores de energia frequentemente iniciam suas operações com capacidade reduzida, aumentando a produção de forma gradual conforme novas unidades geradoras entram em funcionamento.

Biomassa

O Brasil possui 127 estabelecimentos que utilizam biomassa de origem florestal para geração de energia, com uma potência outorgada de 4.493.859,8 kW, segundo dados da Aneel. 

Atualmente, a maior parte da matriz energética brasileira é hídrica, com 55% da produção. Por sua vez, a biomassa é responsável por 8,76% da produção de energia elétrica nacional.