Os Conselhos – Municipal e Estadual – de Saúde cobraram à Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) a apresentação do projeto de construção do novo Complexo Hospitalar Municipal de Campo Grande (HMCG), durante a realização de uma audiência pública na Câmara Municipal, nesta sexta-feira (16). Segundo os representantes, existem pontos críticos da proposta que precisam ser resolvidos, como a escolha do local para a construção da estrutura e a viabilidade viária.
Para a conselheira e primeira-secretária da Mesa Diretora do Conselho Municipal de Saúde, Cleide Martins, um dos pontos mais questionados pelos representantes é a escolha da área destinada à construção do complexo hospitalar. O terreno escolhido fica localizado no Bairro Chácara Cachoeira, região do Prosa. O local é considerado com pouca infraestrutura rodoviária para o público que faz uso do transporte coletivo, além de estar em uma região considerada de alto padrão imobiliário, na Capital.
“O local é uma área nobre, então aí tem a locomoção, porque a maioria das pessoas pegam ônibus para se deslocar da residência até o hospital. Inclusive foi questionado por que não mudar para outra área que tenha mais acessibilidade para o usuário”.
Segundo a conselheira, a participação da audiência tem como objetivo entender o motivo pelo qual o projeto de construção não passou pelo grupo. “Não somos contra a construção do hospital, a única coisa que nós não concordamos é que não passou pelo Conselho Municipal a construção. O projeto sim, mas a construção não passou pelo nosso Conselho”.
Sebastião de Campos Arino Júnior, coordenador do Fórum das Entidades Representativas de Usuários do SUS, em Campo Grande, a situação estrutural do local escolhido é ainda pior, já que as vias que dão acesso ao espaço, já apresentam problemas crônicos de mobilidade.
“Tem que ter viabilização de acesso rápido para as ambulâncias e uma interligação geográfica com a cidade. Hoje, a proposta na região da Chácara Cachoeira dá acesso a Avenida Afonso Pena. A Afonso Pena hoje não é uma via rápida, está sobrecarregada. Hoje, às vias rápidas ligando a esse hospital ficam lá na saída para Cuiabá, ou na região da saída para as Moreninhas, ali cedo São Paulo, porque nós temos a Avenida Guaicurus que interliga a Gury Marques, que interliga a cidade de leste a oeste, se você olhar nesse parâmetro de acesso rápido”.
Sebastião, que também participou do encontro representando a mesa diretora do Conselho Estadual de Saúde, alertou para a situação do atendimento de urgência e emergência em Campo Grande, com a limitação da capacidade de atendimento do pronto-socorro (PS) do Hospital Universitário e a transferência do PS do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul para o Estado. “Não é mais nosso. Então nós perdemos dois prontos-socorros. Então essa unidade tem que dar uma resposta imediata já com o pronto-socorro”.
Atualmente, segundo a Sesau, o déficit de leitos hospitalares em Campo Grande varia entre 500 e três mil unidades.
De acordo com a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, diariamente os prontos atendimentos, atendem entre 2.500 a 4 mil pacientes por dia. “A construção do complexo hospitalar não resolverá todos os problemas, mas minimizará inclusive na questão da realização dos procedimentos eletivos”, justificou Rosana.
O novo complexo hospitalar deve contar com 259 leitos, sendo 49 de pronto atendimento, 20 leitos CTI (10 pediátricos e 10 adultos) e 190 leitos de enfermaria (60 pediátricos, 60 adultos para homens e 70 adultos para mulheres). O projeto do HMCG prevê a construção de leitos de internação, salas de cirurgia, centro de diagnóstico por imagem e suporte de Unidade de Terapia Intensiva. O modelo de construção será o tipo ‘built to suit’, quando a empresa contratada para construir o prédio receberá um aluguel para mantê-lo e, mais tarde, o local será incorporado ao patrimônio público.