Em uma palestra exclusiva para líderes empresariais de Mato Grosso do Sul, André Nunes, economista-chefe do Sicredi, trouxe uma análise aprofundada sobre o cenário econômico de 2025. O evento realizado nesta quinta-feira (27), promovido pela Amcham em parceria com o Grupo RCN, o RCN Em Ação, destacou desafios e oportunidades que empresários e investidores enfrentarão nos próximos meses.
Taxa de juros e desafios econômicos
Um dos principais pontos abordados por Nunes foi o impacto da taxa Selic elevada, que está próxima de 15%. Segundo ele, essa realidade impõe um alto custo de financiamento para empresas e consumidores, exigindo atenção redobrada dos gestores. “Isso ocorre junto com o aumento de custos, escassez de mão de obra e desafios de rentabilidade dos negócios“, alertou.
O economista destacou que a alta dos juros encarece o crédito, reduzindo o consumo e afetando diretamente o crescimento econômico. Além disso, a inflação segue acima da meta, pressionando os preços e exigindo medidas de controle por parte do Banco Central.
O papel do governo e o risco fiscal
Nunes também chamou atenção para o risco fiscal, ressaltando que o aumento de gastos públicos pode impactar negativamente a economia. “O mercado começou a olhar para isso com preocupação, principalmente ao considerar a popularidade do governo e a necessidade de equilíbrio nas contas públicas“, explicou.
O especialista citou exemplos históricos para mostrar como governos, independentemente de sua orientação política, tendem a ampliar gastos em momentos de baixa aprovação popular. Segundo ele, isso pode resultar em uma política fiscal expansionista que, combinada com a atual taxa de desemprego baixa, tem potencial para pressionar ainda mais a inflação.
Setores mais afetados e estratégias para empresários
Com a taxa de juros elevada, alguns setores tendem a sentir os impactos de forma mais intensa. “Empresas mais endividadas tendem a sofrer mais, assim como setores que dependem de bens duráveis e investimentos de longo prazo, como a construção civil“, afirmou Nunes. No entanto, setores como alimentação, saúde e educação apresentam maior resiliência por lidarem com necessidades essenciais da população.
Para os empresários que buscam enfrentar esse cenário com mais segurança, o economista sugere uma postura mais conservadora em relação ao crédito. “Negócios que mantêm maior liquidez, com mais caixa e menor dependência de financiamento, tendem a ser mais resilientes e sair fortalecidos no longo prazo“, aconselhou.
Perspectivas para o crescimento
Apesar dos desafios, Nunes enfatizou que a economia brasileira não deve enfrentar uma crise profunda, mas sim um processo de desaceleração gradual. “A economia ainda cresce, mas em um ritmo menor. Projetamos um crescimento de 1,8% para este ano e 1,5% para o próximo“, apontou.
Ele também destacou que, apesar das dificuldades, o Brasil avançou em diversos aspectos nos últimos anos, como a melhoria no mercado de crédito e o fortalecimento de reformas estruturais. “Se conseguirmos reequilibrar as contas públicas, podemos entrar em um novo ciclo de crescimento mais sustentável“, concluiu.
O evento proporcionou um espaço de networking e troca de experiências entre os participantes, reforçando a importância do conhecimento econômico para a tomada de decisões estratégicas no mundo dos negócios.