Um esquema que fabricava placas falsas de veículos em Campo Grande foi desmantelado pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. A investigação da Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (Defurv), apontou que uma empresa de placas, credenciada ao Detran-MS, estava por trás da produção clandestina.
O golpe funcionava assim: criminosos que roubavam ou adulteravam carros e motos procuravam a empresa para confeccionar novas placas, iguais às originais, mas com o QR Code raspado – justamente para impedir que a placa fosse identificada nos sistemas de fiscalização.
Com isso, os veículos passavam a circular como se fossem regulares. Muitos eram usados para transportar drogas até a região de fronteira.
Durante a operação, três pessoas foram presas por mandado judicial e uma em flagrante. Em um dos endereços investigados, os policiais apreenderam 300 quilos de maconha.
De acordo com o delegado adjunto da Defurv, Guilherme Sarian , há indícios de que mais de 500 placas tenham sido feitas de forma ilegal ao longo de um ano e meio.
A empresa funcionava no bairro Monte Líbano, região central da Capital. O dono, de apenas 22 anos, foi localizado em Santa Catarina, onde teve o mandado de prisão cumprido.
A investigação durou cerca de nove meses e teve origem em outro inquérito policial que levou os investigadores a descobrir o esquema.
“A gente já vinha suspeitando desse tipo de crime desde 2022, quando começou a crescer o número de apreensões de veículos com placa aparentemente perfeita, mas com o QR Code danificado. Isso acendeu um alerta de que alguma empresa conveniada poderia estar envolvida”, explicou o delegado.
Além da adulteração das placas, os investigadores identificaram que algumas dessas placas falsas foram entregues a pessoas já conhecidas por envolvimento com receptação de veículos e adulterações.
O grupo usava os carros para transportar entorpecentes até a fronteira e retornar com droga.
O delegado também fez um alerta para quem está pensando em comprar veículos por preços abaixo do mercado. “Muita gente compra carro em grupos de WhatsApp, Facebook, e cai no golpe. Esses veículos, chamados de ‘bobs’, têm pendências que impedem a regularização e, muitas vezes, são fruto de crime. A pessoa compra barato, mas corre o risco de perder tudo”, disse Sarian.
Os suspeitos devem responder por organização criminosa, adulteração de veículo e tráfico de drogas. O Detran-MS também foi comunicado sobre o caso e pode descredenciar a empresa investigada.
A polícia agora apura se outras empresas ou solicitantes também estão envolvidos no esquema.