A Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) divulgou uma nota nesta sexta-feira (20) para informar sobre medidas que serão adotadas após a constatação de "novas patologias" na infraestrutura da ponte sobre o Rio Paraguai, na BR-262, região de Porto Morrinho, a 70 km de Corumbá. No local, há uma semana, estão sendo feitos reparos emergenciais devido a problemas antigos na estrutura, provocados por acidentes com embarcações que atingiram as pilastras de sustentação da ponte.
É por ali que trafega todo o transporte rodoviário de carga e de passageiros da BR-262 com destino ao Pantanal e à fronteira com a Bolívia, e também no sentido Bolívia-Brasil. Desde o dia 21 de março deste ano, o tráfego sobre a ponte, que tem 1.890 metros de extensão, está em meia pista, no sistema de pare e siga, devido aos danos na estrutura e à falta de manutenção adequada na estrutura.
Até a obra ser inaugurada, há 22 anos (em maio de 2001), só era possível cruzar o Rio Paraguai, nessa região, por meio de balsa, o que atrasava a viagem em várias horas. Na época, o governo federal não demonstrava interesse em assumir a construção da ponte, que acabou sendo feita pelo governo estadual, na gestão de Zeca do PT, após o Estado receber a concessão da União.
Durante boa parte dessas duas décadas, houve a cobrança de pedágio no local, justificada pelo poder público para pagar o financiamento de US$ 20 milhões referentes ao custeio da obra, o equivalente hoje a quase R$ 100 milhões.
A administração da ponte foi repassada para uma concessionária que, ao longo de 14 anos, recolheu cerca de R$ 430 milhões e deveria ter realizado reparos na estrutura, conforme contrato, o que não aconteceu. Quando o pedágio deixou de ser cobrado, há pouco mais de um ano, a estrutura seria devolvida à administração federal, responsável pela BR-262.
O Departamento Nacional de Infraestrutgura de Transportes (Dnit) teria se recusado a receber a ponte sem que todos os reparos fossem feitos. Em março deste ano, a Secretaria de Infraestrutura e Logística (Seilog-MS) fez uma vistoria técnica na ponte e confirmou os problemas estruturais e a necessidade de se realizar uma obra de reparação.
Em maio, o Governo do Estado, abriu a primeira licitação (recuperação e recondicionamento da estrutura da ponte) mas não houve interessados. Neste segundo semestre, foi feita a segunda tentativa, desta vez com dispensa de licitação. O contrato foi fechado e, agora, durante os trabalhos de reparo, a constatação da empresa responsável é que o problema na estrutura da ponte se agravou.
As obras, previstas inicialmente para três meses de duração, vão ser realizadas com a apoio de outras medidas emergenciais, como a instalação de radares e balança para atestar a segurança da travessia, além da presença 24h por dia de policiais no local.
NOTA DA AGESUL (29/12/23)
Informamos que após início dos serviços de reparo e manutenção na ponte sobre o Rio Paraguai, na BR-262, e surgimento de novas patologias na infraestrutura, verificou-se a necessidade de medidas para garantir a segurança e oferecer condições de uma ação de reparo mais célere e efetiva.
Em virtude do aumento expressivo do fluxo de veículos pesados e do excesso de velocidade registrado, o Governo de Mato Grosso do Sul por meio da Agesul, informa que tomará as seguintes providências para auxiliar nos serviços de manutenção e reparo no local: a instalação de balança na entrada da ponte, em parceria com o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes); instalação de radares de velocidade, em parceria com Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), e designação, junto à Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, de agentes para patrulhamento de segurança na estrutura.
O trânsito no local permanece, como já informado anteriormente, no sistema Pare e Siga, e a PRF (Polícia Rodoviária Federal), auxilia no ordenamento no trânsito. Ressalta-se, ainda, que a empresa contratada pelos reparos emergenciais já iniciou os trabalhos, com prazo de finalização em até 150 dias.
ESTRUTURA COMPROMETIDA
Há registros de vários danos provocados pelo impacto de embarcações na estrutura da ponte. Em 2011, um barco de bandeira paraguaia, que empurrava um comboio com 16 barcaças carregadas com minério de ferro, bateu no pilar central da ponte. O tráfego foi interditado por vários dias por causa de um vão de 25 centímetros que se abriu na estrutura.
Em 2014, a Prefeitura de Corumbá e o Governo do Estado declararam situação de emergência por seis meses, por conta da colisão de outra embarcação carregada com farelo de soja, também de bandeira paraguaia, em um dos pilares da estrutura. O laudo técnico revelou que, com a força do impacto, um dos blocos de sustentação da ponte foi deslocado, com danos parciais até na fundação da obra.
Em 2016, durante um temporal, barcaças que estavam ancoradas nas margens do Rio Paraguai se desprenderam e atingiram a estrutura da ponte. Reparos na estrutura precisaram ser feitos naquele ano pela Agesul.
Em 2020 foi realizada a reconstrução de um dos dolfins da ponte que havia sido atingido por uma embarcação. Os dolfins têm a função de proteger os pilares do vão navegável das pontes contra o impacto de embarcações.
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