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ENTREVISTA

Estudo inédito testa dieta brasileira para tratar colesterol hereditário em pacientes de MS

Pesquisadora alerta para subdiagnóstico da hipercolesterolemia familiar, que pode causar infarto precoce em pessoas ainda jovens

Cardiologista Adriana Lugo nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Luiz Gustavo Soares/Portal RCN67
Cardiologista Adriana Lugo nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Luiz Gustavo Soares/Portal RCN67

Um estudo nacional inédito sobre colesterol hereditário está sendo conduzido com a participação de pesquisadores de Mato Grosso do Sul. O projeto, coordenado pelo Hospital HCor de São Paulo e financiado pelo Ministério da Saúde por meio do Proadi-SUS, está em andamento no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), em Campo Grande.

O foco é a hipercolesterolemia familiar, uma condição genética que eleva os níveis do LDL — o chamado “colesterol ruim” — e está diretamente ligada a infartos e AVCs em pessoas ainda jovens.

A cardiologista Adriana Lugo Ferrachini, responsável pelo estudo no estado, participou ao vivo nesta segunda-feira (14) do quadro Saúde é Massa, no programa Microfone Aberto, e explicou os riscos da doença.

“Ela é uma alteração genética que provoca o aumento do colesterol ruim, que forma aquelas placas de gordura nas artérias. Essas placas podem se romper ou obstruir completamente a passagem de sangue, levando a infarto ou AVC em idades precoces — abaixo de 60 anos nas mulheres e 55 nos homens”, explicou a médica.

Segundo Adriana, a doença é subdiagnosticada, embora esteja presente em todo o mundo. O risco aumenta com o histórico familiar e pode passar despercebido até a ocorrência de um evento grave, como um infarto.

“Hoje a gente encontra paciente infartado aos 40 anos e só então descobre que ele tinha colesterol alto desde a infância”, alertou.

Diagnóstico e prevenção

A recomendação, de acordo com a especialista, é que todas as pessoas façam exames de colesterol a partir dos 10 anos de idade, ao menos uma vez por ano. Sinais clínicos como acúmulo de gordura em articulações e ao redor dos olhos também podem indicar a condição.

A pesquisa em andamento vai testar uma dieta cardioprotetora baseada em alimentos típicos brasileiros, aliada ao uso de fitosteróis e óleo de krill, ambos de origem natural. Os voluntários são acompanhados por quatro meses, e o estudo completo deve durar de um a dois anos até atingir o número necessário de participantes.

“O objetivo é testar esses suplementos, mas principalmente diagnosticar precocemente. Esse é o maior ganho do estudo”, afirmou Adriana.

Como participar do estudo

A pesquisa está aberta à participação de voluntários com 16 anos ou mais que apresentem colesterol alto. Os interessados podem entrar em contato com o centro de pesquisa do Humap pelo telefone (67) 3345-3352 — atendimento no período da tarde hoje, e durante todo o dia a partir de amanhã.

Hoje (14) e na próxima quinta-feira, o hospital realiza ações de triagem para novos participantes no período da manhã.

Custo zero e foco em saúde pública

O estudo não envolve o uso de medicamentos experimentais, o que, segundo Adriana Lugo, é um ponto importante para tranquilizar a população. “Não se trata de nada invasivo. Estamos falando de uma dieta equilibrada e produtos naturais. O risco é zero”, explicou.

O financiamento do estudo é feito por meio do Proadi-SUS, que atua em parceria com grandes hospitais do país. Os recursos são administrados por essas instituições, que repassam os valores aos centros de pesquisa regionais.

“Se os resultados forem positivos, a ideia é que esses suplementos e a dieta sejam disponibilizados à população. E é isso que buscamos: soluções reais, seguras e acessíveis para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, finalizou a cardiologista.