Campo Grande está recebendo na manhã desta sexta-feira (27) o evento “Segurança no Trânsito e Mobilidade Urbana”, que discute a importância da mobilidade urbana e seus impactos diretos no trânsito e na vida cotidiana. O evento é realizado pelo Sest Senat, em parceria com o Detran (MS) e o Consórcio Guaicurus, responsável pela administração do transporte coletivo na Capital.
O diretor-presidente do Detran, Rudel Trindade, o diretor de Operações do Consórcio Guaicurus, Paulo Vitor Brito de Oliveira, e o diretor nacional do Instituto Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos (MDT), Nazareno Sposito Neto Stanislau Affonso, são os palestrantes do evento.
Segundo dados do Detran, Campo Grande tem uma frota de 666.279 veículos circulando pela cidade. Considerando a população de 898.100 habitantes, segundo o último censo do IBGE, é possível afirmar que, a cada 10 pessoas, sete possuem algum veículo.
Segundo o diretor do MDT, Nazareno Affonso, as consequências dessa alta proporção de veículos na cidade podem ser graves no futuro. “O que vai acontecer é que a frota vai crescer mais do que a própria população […] daqui a pouco nós não vamos ter espaço para ampliar a via, não vai ter mais espaço para o automóvel”.
Em relação ao transporte coletivo, Affonso afirmou que a estrutura é precária em Campo Grande. “A própria Lei de Mobilidade diz que a prioridade é o pedestre e depois o transporte público. Aqui, o transporte público é a última prioridade. Eu fico impressionado, vocês são os únicos [que eu vi] nessa situação, vocês conseguiram fazer uma faixa que o ônibus não cabe dentro”.
Segundo o diretor de Operações do Consórcio Guaicurus, Paulo Oliveira, cerca de 2,5 milhões de pessoas usam o transporte coletivo mensalmente na Capital. Ele descartou o aumento da frota de veículos do consórcio e afirmou que o problema está na falta de fluidez no trânsito. “Hoje o transporte público na capital tem a velocidade média de 16 km/h. Então eu não consigo entregar para a população o que ela mais quer, que é o tempo, economia de tempo, chegar mais cedo em casa. Por quê? Porque os ônibus ficam presos no trânsito”.
“O senso comum fala que o aumento de frota vai trazer mais comodidade, mas vamos pegar, por exemplo, uma linha que tem um número grande de ônibus circulando, como é a 080 ou a 072. Nessas linhas, no horário de pico, eu tenho ônibus a cada dois, três minutos. Se eu colocar mais ônibus, o que eu vou conseguir é fazer com que os ônibus andem em comboio. O que a gente precisa é ter um trânsito mais fluido. Para isso, o transporte público precisa assumir papel de protagonista no trânsito. Ter um espaço próprio para aumentar a velocidade”, concluiu.
Além da mobilidade urbana, a segurança no trânsito também é um ponto discutido no evento. Nesse quesito, o motociclista tem recebido atenção especial do Detran, segundo o diretor-presidente, Rudel Trindade. “Cerca de 50% dos motociclistas não têm habilitação. Então, onde o Detran pode atuar? Na capacitação e habilitação deles. Nós temos um programa muito grande de educação para o trânsito, de segurança, investimento em sinalização. Mas está sendo difícil. A gente tem estado muito preocupado principalmente com a questão das mortes por acidentes”.
Segundo dados da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), dos 53 acidentes de trânsito com vítimas fatais registrados neste ano na capital, 37 ocorreram com motociclistas.
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