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PROJETO ACOLHIDA

Ex-militar venezuelano recebe primeira CNH em MS

Gregori José foi o primeiro a receber a oportunidade e mais de 30 outros profissionais estrangeiros acolhidos pelo Governo Federal estão à caminho de Mato Grosso do Sul

Entrega do documento foi realizada na sede do Sest Senat, em Campo Grande - Foto: Gerson Wassouf/RCN67
Entrega do documento foi realizada na sede do Sest Senat, em Campo Grande - Foto: Gerson Wassouf/RCN67

Pouco mais de um mês após chegar a Mato Grosso do Sul, o técnico de engenharia de petróleo e ex-militar venezuelano Gregori José Espin Leon recebeu qualificação profissional de forma gratuita e conseguiu colocação no mercado de trabalho por meio da Operação Acolhida, do Governo Federal, e do Consórcio Guaicurus, que trouxe ele e a família para Campo Grande. A validação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) estrangeira de Gregori foi concluída pelo Detran-MS, e a entrega do documento foi feita nesta segunda-feira (10), na sede do Sest Senat, na Capital.

No estado desde o início do ano, Gregori e a família receberam apoio de moradia e alimentação por parte do Consórcio Guaicurus, responsável por trazer ele e outros estrangeiros devido à falta de mão de obra profissional para atuar no transporte público de Campo Grande. O Sest Senat disponibilizou treinamento e arcou com os custos das aulas e da emissão da CNH para o venezuelano.

Antes de fugir da Venezuela, Gregori serviu como infante da Marinha e da Aeronáutica e foi técnico em engenharia de petróleo. Ele decidiu deixar o país natal com a esposa e três filhas após a crise política e econômica que afeta a Venezuela desde 2015. “Foi uma decisão difícil deixar nossa terra natal, mas a situação lá estava insustentável, principalmente para nossas filhas. No Brasil, encontramos apoio e esperança […] Com essa oportunidade, posso ter uma nova vida para minha família.”

Gregori e a família estão no Brasil desde 2023 por meio da Operação Acolhida, iniciativa do Governo Federal em resposta ao fluxo migratório intenso de venezuelanos na fronteira entre os dois países. A operação consiste na realocação voluntária, segura, ordenada e gratuita dessas pessoas, em situação de vulnerabilidade, dos municípios de Roraima para outras cidades do Brasil.

De acordo com o diretor-presidente do Consórcio Guaicurus, Themis de Oliveira, o estado enfrenta uma carência de profissionais qualificados, como motoristas e mecânicos, e Gregori não será o único venezuelano a receber a oportunidade de qualificação e trabalho em MS.

Ele foi o primeiro que nós trouxemos e já está com todo o processo regularizado e finalizado. Ele já pode começar e vai começar de imediato. Mas nós acolhemos agora, além da família do Gregori, outras três famílias e, no dia 14, temos mais 12 famílias de venezuelanos chegando para trabalhar. Se não me engano, são 10 motoristas e dois mecânicos. E nós já temos selecionadas, e em processo de internalização, aproximadamente 34 famílias para serem transportadas para cá”, afirmou Themis.

O diretor-presidente do Detran-MS, Rudel Trindade, ressalta a importância dessa inclusão social, destacando o trabalho conjunto entre o Governo do Estado e o Consórcio Guaicurus. “Hoje, estamos celebrando a inclusão de um refugiado venezuelano no mercado de trabalho local, o que é um exemplo de como a união de esforços pode gerar oportunidades reais. O Gregori agora é um motorista qualificado, e essa inclusão não é só para ele, mas para toda a sua família”, comentou.

O vice-governador de Mato Grosso do Sul, Barbosinha, também destaca o papel estratégico do Estado na acolhida de imigrantes. “Mato Grosso do Sul está crescendo muito, e a necessidade de mão de obra qualificada é imensa. A chegada de imigrantes qualificados, como os venezuelanos, tem sido fundamental para suprir essa demanda, principalmente nas áreas de agroindústria e serviços”, afirmou.