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POETA DE MS

Exposição recria o escritório de Manoel de Barros e propõe uma viagem poética ao futuro

A exposição propõe uma imersão ao universo do poeta sul-mato-grossense e ficará aberta até junho

Objetos pessoais e o poeta sul-mato-grossense – Fotos: Casa Quintal Manoel de Barros
Objetos pessoais e o poeta sul-mato-grossense – Fotos: Casa Quintal Manoel de Barros

Em celebração ao Dia do Livro, a exposição “Manoel de Barros: Poesia para o Futuro”, promete uma imersão no universo do poeta sul-mato-grossense. A mostra, inédita, será aberta ao público nesta quarta-feira, dia 30 de abril, e seguirá até o mês de junho.

Entre as atrações, o visitante poderá ver de perto a máquina de escrever de Manoel de Barros, cópias de cartas, obras audiovisuais e fotografias pessoais. Um painel interativo permitirá que o público brinque com palavras e crie seus próprios poemas, resgatando o olhar sensível e inventivo que caracterizava o autor.

Ambiente de poesia e afeto

A curadoria da mostra destaca elementos simbólicos que permeiam a obra de Manoel de Barros. O teto do espaço receberá pássaros, libélulas e borboletas — referências constantes em sua poesia — para criar uma atmosfera de afeto e encantamento.

Para o curador da Casa Quintal Manoel de Barros, Ricardo Câmara, recriar o ambiente de trabalho do poeta é oferecer ao público a chance de mergulhar em sua sensibilidade. “Manoel de Barros é atemporal. Fortalecer a presença dele entre nós é fortalecer também nossa identidade cultural“, afirmou.

“Queremos que o visitante se conecte com o ambiente e sinta-se inspirado a olhar o futuro com a leveza e o encantamento que Manoel nos ensinou“, enfatizou a curadora da exposição, Gabriela Dias.

A experiência interativa está sendo montada no Espaço Energia, mantido pela Energisa no centro de Campo Grande. “É uma honra abrir as portas para uma exposição tão importante. Manoel nos ensina, com delicadeza, a enxergar beleza no simples e a cultivar a criatividade como forma de crescimento“, destacou o diretor-presidente da Energisa/MS, Paulo Roberto Santos.

A exposição marca também os 10 anos do espaço. Desde sua inauguração, o local recebeu cerca de 68 mil visitantes e mais de 900 escolas, consolidando-se como um polo de cultura, arte e ciência para a comunidade.

Serviço

  • Local: Espaço Energia — Avenida Afonso Pena, 3.901, Campo Grande/MS
  • Data: De 30 de abril a 15 de junho
  • Horário: De segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
  • Entrada: Gratuita

O poeta

Manoel Wenceslau Leite de Barros foi um dos principais poetas contemporâneos. Escreveu versos nos quais os elementos regionais se conjugavam à considerações existenciais e a uma espécie de surrealismo pantaneiro.

O poeta que nasceu em 19 de dezembro de 1916 na capital mato-grossense (Cuiabá), e viveu em Mato Grosso do Sul, construiu uma linguagem inovadora, que chega ao limite da agramaticalidade. Textos recheados de neologismos e, ao mesmo tempo, remetendo a língua portuguesa às suas raízes mais profundas.

Passou a infância na fazenda da família localizada no Pantanal sul-mato-grossense e, na adolescência, viveu entre a casa da família e um internato em Campo Grande, onde iniciou os estudos e escreveu suas primeiras poesias.

Sua vida acadêmica se passou na cidade do Rio de Janeiro, onde ficou até se formar bacharel em Direito, em 1941.

Em seguida, viajou para a Bolívia e o Peru. Conheceu Nova Iorque, Itália, Portugal e Paris, se familiarizando com a poesia modernista francesa.

Em 1947, Manoel de Barros casou-se com Stella Barros, e com ela voltou para o Pantanal, para assumir, a partir de 1960, uma fazenda de gado que recebera de herança, passando a dividir seu tempo entre o Rio de Janeiro e o Pantanal Sul-mato-grossense, onde criava gado. Juntos, Manoel e Stella, tiveram três filhos: Pedro, João e Marta.

Sua consagração como poeta se deu ao longo das décadas de 80 quando recebeu o “Prêmio Jabuti” com a obra “O Guardador de Águas” (1989).

Em seus últimos anos de vida passou a residir na região central de Campo Grande. Manoel de Barros faleceu de falência múltipla dos órgãos em 13 de novembro de 2014.

Principais obras

  • Poemas Concebidos Sem Pecado (1937)
  • Face Imóvel (1942)
  • Poesias (1946)
  • Compêndio Para Uso dos Pássaros (1961)
  • Gramática Expositiva do Chão (1969)
  • Matéria de Poesia (1974)
  • O Guardador de Águas (1989)
  • Livro Sobre Nada (1996)
  • Retrato do Artista Quando Coisa (1998)
  • O Fazedor de Amanhecer (2001)
  • Memórias Inventadas I (2005)
  • Memórias Inventadas II (2006)
  • Memórias Inventadas III (2007)
  • Portas de Pedro Vieira (2013).

Prêmios

  • Prêmio Orlando Dantas (1960) do Diário de Notícias, com “Compêndio Para Uso dos Pássaros,
  • Prêmio Nacional de Poesias (1966) com “Gramática Expositiva do Chão,
  • Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal (1969) com “Gramática Expositiva do Chão,
  • Prêmio Jabuti de Literatura, na Categoria Poesia (1989) com “O Guardador de Águas”,
  • Prêmio Jacaré de Prata da Secretaria de Cultura de Mato Grosso do Sul como Melhor Escritor do Ano (1990),
  • Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo Conjunto da Obra (1998),
  • Prêmio Academia Brasileira de Letras, com “Exercício de Ser Criança (2000),
  • Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria Livro de Ficção, com “O Fazedor de Amanhecer” (2002).