A ausência de um equipamento de raio-x na UPA Leblon, em Campo Grande, tem gerado longas esperas, deslocamentos cansativos e revolta entre os pacientes que dependem da rede pública de saúde.
Quem chega ao local com indicação para o exame precisa se deslocar até outras unidades da Capital, como o Hospital Universitário ou o Coronel Antonino, muitas vezes em estado debilitado e sem condições para viagens tão longas.
“É muito distante. Você vir do Leblon até aqui, no Coronel, é complicado. Tá lotado lá, e aqui também”, desabafa Catarina de Fátima, que acompanhava o cunhado, com febre alta e suspeita de infecção.
O médico indicou o raio-x, mas o equipamento mais próximo estava a quilômetros dali. “Ninguém vem no posto passear. Deveriam ver essa parte, porque é um descaso total.”
A distância da UPA Leblon a Coronel Antonino é de mais de 10 km. Essa foi a distância percorrida por Catarina e seu cunhado, e por mais centenas de pacientes que precisam fazer raio-x.
A situação relatada por Catarina não é isolada. Diversos usuários do SUS enfrentam diariamente filas, desinformação e, sobretudo, a frustração de não serem ouvidos. “Minha esposa já tava mal fazia uma semana, tive que insistir muito pra ela vir ao posto. A gente ficou horas ontem no Nova Bahia, e hoje voltamos pro médico ver o que é”, contou Adriano de Oliveira, morador da região.
A busca por um cuidado mais humano também aparece nas palavras de Marina Gomes da Silva, que sofre com dores crônicas na coluna e teve um AVC há pouco mais de um ano. Segundo ela, o problema não é apenas a estrutura do sistema, mas a maneira como os profissionais tratam os pacientes.
“Me senti como se fosse um número. Você chega com dor e quer ser ouvido. Ele nem olhou pra mim e disse que o meu caso era só faca, cirurgia. Nem quis saber o resto”, afirmou a paciente após ser atendida no Centro de Especialidades Municipal.
Ela esperou mais de 40 dias por um encaminhamento com um especialista, apenas para ser novamente frustrada pela falta de escuta. “Cada um vai lá com suas dores. Um pouco de atenção já ajudaria”, lamenta.
Até o fechamento da reportagem, a Prefeitura de Campo Grande não respondeu os questionamentos sobre a falta de raio-x na UPA Leblon