Teve início nesta terça-feira (28) em Campo Grande o IV Fórum MS de Arborização para Cidades Sustentáveis, realizado pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc). Com dois dias de ampla programação, o evento tem o objetivo de promover discussões e ações práticas voltadas para o desenvolvimento sustentável das cidades de Mato Grosso do Sul, com foco para o verde urbano.
"A gente quer discutir dois temas que são a dor de todo mundo, que é a compatibilização da arborização, que nos traz muitos benefícios, com a rede elétrica, que é uma outra infraestrutura urbana muito necessária. Então a gente quer compatibilizar da melhor forma a existência das árvores e das redes e a segunda parte, que seria como a gente fazer isso e adaptar as cidades às mudanças climáticas", afirmou a coordenadora estadual da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Silvia Pereira.
Entre os especialistas com conhecimento sobre as mudanças climáticas está o professor da disciplina de Mudanças Climáticas e Restauração Ecológica da Universidade de São Paulo (USP), Maurício Ferreira, que falou sobre as expectativas para o Brasil e para a região da capital em Mato Grosso do Sul.
"A América do Sul tem diferentes cenários esperados para as próximas décadas. Por exemplo, o sudeste da América do Sul, onde está o Rio Grande do Sul, são esperados grandes volumes pluviométricos. Já no nordeste e no centro-oeste são esperadas secas ecológicas. Ou seja, essa região onde Campo Grande se localiza, é esperada que se tenha maior quantidade de secas, de períodos de estiagens mais prolongados e a cidade tem que se preparar. Nós estamos falando aí que a arborização, as florestas urbanas, elas regulam, contribuem para a regulação do ciclo da água, são fundamentais para evapotranspiração, umidificação da atmosfera, e para isso é necessário planejar bem a arborização urbana nos lugares certos", explicou o professor.
E para a arborização ser mantida no ambiente nas cidades e garantir a compatibilização das vegetações que já estão presentes hoje na área urbana é necessário o manejo adequado, como conta o engenheiro florestal e engenheiro de segurança do trabalho, Gabriel Berguer.
"É uma poda técnica, uma poda com qualidade e segurança para garantir que aquele vegetal que está ali continue o seu desenvolvimento sem interferir na rede e no abastecimento de energia elétrica. Existe uma poda técnica, uma poda com qualidade, para retirar somente aqueles galhos que porventura estão ou que possam chegar em contato com a rede. A árvore tem que manter uma distância, e essa distância varia em termos de tipo de rede, tipo de estrutura e a tensão do circuito. Essa distância varia tanto de meio metro a dois metros, dependendo do tipo de circuito da rede", disse Gabriel.
O gerente de Planejamento, Orçamento e Gestão Estratégica da Energisa em Mato Grosso do Sul, Rodolfo de Pinheiro, fala sobre a importância do evento.
"A gente observa uma questão climática muito forte acontecendo no mundo todo. A gente tem exemplo aí do que aconteceu no Rio Grande do Sul, com as tempestades, as enchentes. O ano passado no município de São Paulo também a gente teve tempestades severas. E no próprio Mato Grosso do Sul, que é uma região onde a gente está localizada, é muito afetado pelo clima, muitas rajadas de vento, muita descarga atmosférica. E a gente vem observando na Energisa que isso vem se agravando ao longo dos anos. Então a gente vê esse evento como uma grande oportunidade da gente unir esforços e também alinhar os planos com o conhecimento disseminado pelos especialistas", concluiu o gerente da concessionária de energia do estado.