*Matéria atualizada às 13h para acréscimo de informações
Uma denúncia anônima resultou no resgate de 71 cidadãos bolivianos que eram mantidos em cárcere privado numa casa localizada no Bairro Tijuca, região Sul de Campo Grande.
O flagrante ocorreu na noite da última quarta-feira (29), após o ônibus que transportava o grupo apresentar problemas mecânicos e os passageiros precisaram ser levados para a residência que teria sido alugada de última hora.
No local, agentes do Batalhão de Choque da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), que atenderam a ocorrência, encontraram mulheres, idosos e crianças em condições consideradas insalubres. O grupo estava há pelo menos 24 horas sem água, sem comida e sem estrutura adequada para fazer a higiene pessoal e descansar.
Os estrangeiros clandestinos informaram aos policiais que haviam saído da Bolívia e entraram no Brasil pela fronteira, em Corumbá, com destino ao estado de São Paulo. Eles apontaram uma mulher que estava no local como ‘coiote’, por ser responsável pelo transporte do grupo de Campo Grande até SP.
Em nota, o Batalhão de Choque informou que “uma mulher de 35 anos estava mantendo alguns bolivianos em cárcere e exigindo a quantia de R$ 150,00 (por pessoa) para que pudessem retirar suas bagagens e deixar o local“.
Durante a abordagem, os policiais identificaram que a mulher “já tinha inúmeras passagens pela polícia por corrupção de menores, tráfico de drogas, vias de fato, injuria, lesão corporal, entre outras“.
Aos agentes, a suspeita informou que o grupo foi levado para o local depois que o ônibus usado no transporte dos bolivianos quebrou. Fiscais da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) foram chamados e apreenderam o veículo após confirmar que não havia autorização para realizar viagens interestaduais.
A mulher e um representante dos imigrantes foram encaminhados à Polícia Federal para prestar esclarecimentos. A PF informou que não houve prisões, apenas autuações administrativas e migratórias.
Uma investigação foi aberta para esclarecer o caso e os imigrantes devem regularizar a situação junto ao Setor de Migrações e deixar o país em até 60 dias.
Operação ‘Libertad’
Em setembro do ano passado, a Polícia Federal, com apoio do Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego e da Defensoria Pública da União, desarticulou um grupo criminoso especializado no contrabando e tráfico de migrantes bolivianos para o Brasil.
As vítimas eram aliciadas por meio das redes sociais e rádios on-line, com promessas de emprego em fábricas clandestinas de roupas e bijuterias. Na época foram cumpridos 36 mandados de busca e apreensão e 16 medidas cautelares de proibição de deixar o Brasil, além de 26 suspensões de atividades econômicas nas cidades de Corumbá (MS), São Paulo (SP), Guarulhos (SP), Ribeirão das Neves (MG) e Belo Horizonte (MG).