Após o ataque fatal envolvendo uma onça-pintada no pantanal sul-mato-grossense, cresce a preocupação sobre a convivência segura entre humanos e predadores silvestres. Para reduzir os riscos de incidentes, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) reforça uma série de recomendações, baseadas no Guia Prático de Convivência – Predadores Silvestres e Animais Domésticos.
O documento destaca que predadores como a onça-pintada e a onça-parda, apesar de temidos, têm um papel crucial na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas e, normalmente, evitam o contato com humanos.
Ataques são raros e, na maioria das vezes, estão associados a situações de habituação — quando os animais se acostumam à presença humana, especialmente em locais onde são alimentados artificialmente.
Recomendações para trilhas e áreas de mata
Ao transitar em áreas naturais, a orientação é adotar medidas preventivas para evitar encontros inesperados:
- Evitar caminhar sozinho: grupos grandes são mais seguros e fazem mais barulho, afastando predadores.
- Fazer barulho durante a trilha: conversar, cantar ou bater bastões no chão alerta os animais para a presença humana.
- Evitar trilhas em horários críticos: onças são mais ativas ao amanhecer, entardecer e à noite.
- Não correr: ao avistar uma onça, manter a calma é essencial. Correr pode ativar o instinto de perseguição do animal.
- Recuar devagar: manter contato visual, sem fazer movimentos bruscos, e afastar-se lentamente.
- Nunca se aproximar de filhotes: mães são extremamente protetoras e podem atacar para defender seus filhotes.
- Evitar levar cães: a presença de cães pode provocar as onças e aumentar o risco de ataque.
- Observar sinais de presença: pegadas, fezes, arranhões em árvores ou carcaças de animais indicam atividade de predadores.
Proteção para criações de animais domésticos
Em regiões rurais, a prevenção de conflitos também passa pela proteção das criações:
- Construção de galinheiros reforçados: usar telas presas ao solo para evitar a entrada de predadores.
- Instalação de cercas elétricas em áreas de maternidade: para proteger rebanhos mais vulneráveis, como vacas prenhes e bezerros.
- Recolhimento de animais à noite: colocar o rebanho em mangueiros iluminados ou próximos a habitações humanas reduz o risco de ataques.
- Manutenção de cães de guarda: cães de médio a grande porte treinados para alertar sobre a presença de predadores são aliados importantes.
- Eliminação adequada de carcaças: evitar que animais mortos fiquem expostos, pois podem atrair grandes carnívoros.
Importância dos predadores
O guia também reforça que a convivência com predadores silvestres é vital para a biodiversidade. Grandes carnívoros controlam populações de herbívoros e pequenos predadores, regulando indiretamente a saúde de florestas e campos.Além disso, seu valor é reconhecido em aspectos culturais, turísticos e ecológicos.
Matar predadores, além de crime ambiental, representa a perda de uma peça fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas. Práticas como a caça de suas presas naturais, a destruição de habitats e o uso de iscas para atrair onças para observação turística são ações que desequilibram a relação entre humanos e vida silvestre e aumentam os riscos para ambos.
Educação é a chave
Segundo o ICMBio, o principal caminho para reduzir conflitos é a educação ambiental. Conhecer o comportamento dos predadores e adotar medidas de convivência são fundamentais para proteger tanto as pessoas quanto os animais.
A íntegra do Guia Prático de Convivência – Predadores Silvestres e Animais Domésticos pode ser acessada neste link.
*Com informações do ICMBio