A Inteligência Artificial (IA) já faz parte da rotina empresarial, mas, segundo o especialista Juan Pablo, a maioria das empresas ainda utiliza essa tecnologia de forma superficial. Durante sua palestra no Amcham CEO Dinner 2025, evento realizado em parceria com o Grupo RCN, o doutor em Inovação e Inteligência Artifical explicou a diferença entre a IA generativa, usada para criar imagens e textos, e a IA aplicada, que impacta diretamente a eficiência operacional e o faturamento das empresas.
“O que 99% das empresas implementam hoje é a periferia da inteligência artificial. São filtros, funcionalidades para aumentar a produtividade, mas que não estão diretamente ligadas à estratégia organizacional e muito menos ao core business”, explicou.
A diferença entre IA generativa e IA aplicada
Durante a palestra, Juan Pablo destacou que, apesar da popularidade da IA generativa — como o ChatGPT —, esse tipo de tecnologia atua apenas na segunda camada da inteligência artificial, baseada em redes neurais e estatísticas. Isso significa que ela trabalha com probabilidades e pode gerar respostas imprecisas ou até mesmo erradas.
Por outro lado, a IA aplicada vai além. Ela opera em camadas mais avançadas, combinando lógica e aprendizado profundo (deep learning) para fornecer informações mais precisas. Isso permite que empresas tomem decisões baseadas em dados confiáveis, reduzam custos e melhorem a personalização para os clientes.
“Ninguém mais aguenta receber um e-mail marketing genérico ou um post no Instagram igual para todo mundo. A IA aplicada permite uma hiperpersonalização, adaptando estratégias para cada cliente de forma única”, destacou.
A IA como fator de sobrevivência empresarial
Segundo Juan Pablo, a velocidade das mudanças tecnológicas impõe um desafio: empresas que não adotarem IA de forma estratégica correm o risco de perder competitividade rapidamente. Ele citou o exemplo da empresa de educação Chegg, que em 2023 viu seu valor de mercado despencar de US$ 2 bilhões para quase zero em apenas 30 dias, após a popularização de IAs generativas que ofereciam o mesmo serviço de forma mais rápida e gratuita.
“Empresas que vivem no passado podem enfrentar o mesmo destino da Chegg. A IA aplicada garante mais velocidade, acurácia e escalabilidade nos processos, reduzindo custos e aumentando as margens”, alertou.
Dominar a IA será obrigatório no mercado de trabalho
Além do impacto nas empresas, o especialista enfatizou que a inteligência artificial transformará o mercado de trabalho. Segundo ele, a adoção dessa tecnologia não será opcional: profissionais que não souberem usá-la poderão ser excluídos do mercado.
“Não é que a IA vai roubar empregos. Quem não souber usá-la não estará nem habilitado para disputar uma vaga“, afirmou.
Para finalizar, Juan Pablo incentivou os empresários a irem além da automação básica e enxergarem a IA como um diferencial competitivo real. Segundo ele, as empresas que melhor adotarem essa tecnologia terão um alto Índice de Adoção da IA (IAI), fator que impactará diretamente sua eficiência operacional e, consequentemente, seu valor de mercado.
“Empresas que dominam a IA aplicada terão mais eficiência, maior EBITDA e valuation mais alto. Quem ficar preso às ‘legalzices’ do marketing digital corre o risco de ficar obsoleto”, concluiu.