Uma das propriedades apontadas pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) como local inicial de um dos incêndios no Pantanal, na verdade, estava sendo utilizada para pesquisa científica pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
A informação foi confirmada pelo coordenador do Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas (Nefau), Geraldo Damasceno, que esclareceu que o fogo prescrito, realizado com todas as precauções, teve seu controle perdido devido a uma mudança repentina na direção do vento. "Foi um fogo de pequeno impacto e, inclusive, funcionou como anteparo para evitar que o fogo que veio depois queimasse ainda mais a região. O fogo mudou de direção e pulou o aceiro que tínhamos feito", explica Damasceno.
O estudo, que conta com a participação de pesquisadores de diversas universidades também, tem como objetivo compreender como o fogo e as inundações impactam a estrutura dos ambientes a longo prazo nas áreas inundáveis do Pantanal. "Nossos estudos indicam que o fogo, quando de baixa intensidade, pode afetar algumas matas ciliares, mas estas geralmente se recuperam bem. Já os campos inundáveis demonstram alta resiliência, se recuperando em pouco tempo após o fogo", aponta o coordenador.
13 propriedades foram identificadas como locais iniciais dos incêndios
O relatório do MPMS, que aponta 13 propriedades como pontos iniciais de incêndios, contradiz a fala da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que relacionou o desmatamento ao aumento dos focos de incêndio.
No momento, seis áreas de incêndio ainda estão ativas no Pantanal. Uma delas está localizada próxima à BR-262, dificultando o trabalho dos bombeiros e de agentes federais devido às condições climáticas, com ventos fortes e tempo seco.
Ao todo, o governo do Mato Grosso do Sul já gastou mais de R$ 50 milhões no combate aos incêndios este ano. Esse valor corresponde praticamente ao total de multas aplicadas por crimes ambientais relacionados a incêndios irregulares no estado desde 2020. No entanto, até o momento, o estado não recebeu nenhum centavo dessas multas, pois os processos ainda estão em andamento.