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Indígenas e paraguaios são as principais vítimas de trabalho escravo em MS

Corumbá, Aquidauana, Bela Vista e Porto Murtinho lideram denúncias no estado

Corumbá, Aquidauana, Bela Vista e Porto Murtinho lideram denúncias no estado
Corumbá, Aquidauana, Bela Vista e Porto Murtinho lideram denúncias no estado | Foto: Reprodução/Adobe Stock

No Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, Mato Grosso do Sul reflete sobre um problema persistente: o resgate de trabalhadores em condições análogas à escravidão. Em 2023, segundo dados do Ministério do Trabalho, 77 pessoas foram encontradas vivendo e trabalhando em situações degradantes no estado, principalmente nos municípios de Corumbá, Aquidauana, Bela Vista e Porto Murtinho.

A situação é agravada por fatores sociais e econômicos que tornam os trabalhadores mais vulneráveis. Grande parte das vítimas são indígenas ou migrantes, que enfrentam dificuldades como falta de documentação, desconhecimento de direitos trabalhistas e promessas enganosas de emprego.

Vulnerabilidade e exploração

O trabalho escravo contemporâneo inclui situações de jornada exaustiva, trabalho forçado, condições degradantes e restrição de locomoção. Em muitos casos, essas práticas estão associadas a dívidas impostas pelos empregadores.

Mato Grosso do Sul ainda aparece com destaque negativo no Cadastro de Empregadores do Ministério do Trabalho, conhecido como “Lista Suja”, com 13 empregadores envolvidos em mais de 100 casos de exploração.

De acordo com o auditor-fiscal do trabalho, Kleber Pereira de Araújo e Silva, a vulnerabilidade dos trabalhadores é um dos principais fatores que contribuem para o problema.

 “Grande parte dessas denúncias não resultam em ‘resgate dos trabalhadores’, pois as condições, apesar de irregulares, não caracterizam trabalho escravo contemporâneo. Temos uma grande incidência de resgate de trabalhadores indígenas e paraguaios. Isso dificulta, pois é comum que os indivíduos desses grupos não possuam documentação”, explica.

Rota de migração e promessas enganosas

A coordenadora do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, Cristiane Viegas, destaca que a localização estratégica do estado e a presença de rotas migratórias contribuem para o cenário.

“Mato Grosso do Sul ainda figura entre os estados com maior número de casos de trabalho escravo devido à vulnerabilidade social, desigualdade econômica e falta de informação. Muitos trabalhadores são atraídos por promessas ilusórias de emprego e acabam submetidos a condições degradantes”, afirma.

Ela reforça a necessidade de políticas públicas integradas para acolher e proteger os migrantes, incluindo ações de fiscalização, campanhas educativas e melhorias nos canais de denúncia.

Uma luta em memória e ação

O Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo foi instituído em 2004, após a “Chacina de Unaí”, que vitimou auditores fiscais e um motorista enquanto investigavam denúncias de trabalho escravo em Minas Gerais.

*Com informações do TRT 24ª Região