Indígenas da Reserva de Dourados, a cerca de 200 quilômetros de Campo Grande, permanecem nesta terça-feira (26) com os bloqueios de trechos de rodovias estaduais na região Sul do estado.
Os protestos por falta de água nas aldeias Bororó, Jaguapiru e Panambizinho começaram na manhã de ontem, segunda-feira (25), e não há prazo para liberação das rodovias.
Na MS-156, entre os municípios de Dourados e Itaporã, há três pontos de bloqueio em ambos os sentidos da rodovia. Uma fila de veículos, incluindo carros e carretas, se formou no local e policiais militares estão na área acompanhando a manifestação.
Outro ponto de interdição, também em Dourados, é na rotatória da MS-162 que dá acesso à MS-379, na saída p/ o distrito de Itahum.
Os indígenas exigem que os governos federal e estadual e as prefeituras de Dourados e de Itaporã assinem documentos se comprometendo a fornecer água tratada em caminhões-pipa e a perfurar poços para garantir o abastecimento das comunidades, conforme teria sido prometido pelas autoridades.
SITUAÇÃO RECORRENTE
A Sesai – órgão do Ministério da Saúde – é responsável pela atenção primária à saúde e pelo saneamento para os povos indígenas aldeados no Brasil. Mas a falta de água nas aldeias da região é um problema crônico que se arrasta por décadas, sem uma solução definitiva do governo federal.
A Reserva Indígena de Dourados, localizada entre os municípios de Itaporã e Dourados, reúne 3,5 mil hectares onde vivem em torno de 13 mil indígenas dos povos Guarani Ñandeva, Guarani Kaiowá e Terena. A densidade demográfica no local chega a ser mais de três vezes superior à densidade de Campo Grande.
Dados do DSEI-MS apontam que a população da Reserva é ainda maior do que a registrada no Censo de 2022, com ao menos 20 mil indígenas vivendo dentro da Reserva e também no entorno.
Ações regionais
Na última sexta-feira (22), a Prefeitura de Dourados e o Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul (DSEI-MS ) assinaram um Termo de Parceria para melhorar o sistema de abastecimento de água nas aldeias Jaguapiru, Bororó e Panambizinho.
A parceria prevê a construção de poços tubulares para o abastecimento de água nas localidades. A primeira a ser contemplada será a aldeia Jaguapiru, conforme informou o prefeito Alan Guedes.
Os poços tubulares serão elaborados por geólogos do DSEI-MS e encaminhados para o executivo municipal realizar o o orçamento.
Já os projetos, planos, estudos e orçamentos referentes à rede de abastecimento de água (adutora e distribuição), à reserva, à parte elétrica, à infraestrutura, à construção de poços tubulares e ao conjunto de bombeamento deverão ser elaborados pela Prefeitura e encaminhados ao DSEI-MS para validação técnica.
No ano passado, o Governo do Estado solicitou à Sanesul um projeto macro, com o quantitativo de poços e reservatórios necessários para atender a Reserva Indígena de Dourados pelos próximos 10 anos. O projeto foi concluído e apresentado à União para ser incluído no PAC.
Em maio deste ano, ainda em busca de uma solução para os problemas no fornecimento de água potável às famílias indígenas, o executivo estadual anunciou que formalizaria uma parceria com a Itaipu Binacional para destinar R$ 120 milhões a um projeto de segurança hídrica nas aldeias.