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SEGURANÇA

Iniciativas comunitárias fortalecem a segurança em bairros da capital

Grupos de WhatsApp e redes sociais se tornam ferramentas eficazes no combate à criminalidade

Placa no bairro Aero Rancho
Placa no bairro Aero Rancho | Foto: Fernando de Carvalho/CBN-CG

Iniciativas comunitárias têm se tornado cada vez mais comuns em bairros de Campo Grande como uma forma de reforçar a segurança local, comprovando que, além de ser uma obrigação do Estado, a segurança pública também é responsabilidade de todos.

Um dos exemplos mais notáveis dessa mobilização está no bairro Aero Rancho, um dos mais populosos da cidade.

A atendente de lojas Maíza da Silva decidiu agir após presenciar uma onda de assaltos em sua rua. Em 2017, ela criou um grupo de WhatsApp com seus vizinhos, e desde então, relata que os roubos e furtos diminuíram significativamente.

“Estava tendo muito roubo. Os vizinhos saíam para trabalhar e, quando voltavam, encontravam as portas abertas. Foi então que resolvi criar o grupo. Qualquer movimento estranho, a gente avisa no WhatsApp, e quem está em casa sai para verificar e passa a informação adiante”, conta Maíza.

De acordo com a atendente de lojas, a média de furtos na rua dela era de um a cada mês. Após o grupo ser criado, o último furto/roubo aconteceu há dois anos.

Além de Maíza, outras iniciativas surgiram no bairro da região sudoeste da capital. O barbeiro Ismael Gomes, morador do Aero Rancho há mais de 35 anos, usa uma página no Instagram para alertar a comunidade sobre crimes locais. Com mais de 37 mil seguidores, o perfil é voltado para memes e histórias do bairro, mas também se tornou uma ferramenta de prestação de serviço.

“Tudo que acontece no Aero Rancho, a gente posta lá: acidente de trânsito, roubo, incêndio. É uma página de comédia, mas também ajuda. Em média, a cada semana mandam duas vezes algo relacionado a furtos e roubo de fios, por exemplo. As pessoas mandam vídeos e fotos de suspeitos, e a gente compartilha”, explica Ismael.

Especialistas em segurança pública avaliam essas iniciativas de maneira positiva. O diretor da Faculdade de Direito da UFMS, Fernando Nogueira, considera que a comunicação entre vizinhos é uma forma de cidadania ativa que, de fato, inibe a ação de criminosos.

“A segurança pública é dever do Estado, mas também um compromisso de todo cidadão. Humanamente, é impossível termos polícia 24 horas em todos os lugares. A criação de grupos de bairro é uma forma de a população monitorar e trazer mais segurança para a comunidade. O ladrão, sabendo que pode ser identificado, tende a evitar aquela área”, afirma Nogueira.

Ele ressalta ainda que essa forma de convivência entre vizinhos fortalece o espírito de democracia e solidariedade, essencial para a vida em sociedade. “Hoje, é o vizinho que está sendo roubado, amanhã pode ser você. É importante que as pessoas se unam e ajudem a combater o que está errado”, conclui.