Após 2 anos e 8 meses na fila de espera por um rim, o professor de Educação Física Renie Franchesco Pereira (32), finalmente recebeu o transplante de órgão no dia 26 de outubro. O último transplante renal com doador vivo na Santa Casa foi em agosto de ano 2019. A cirurgia teve a como doadora, a própria mãe do rapaz, que é professora pela rede municipal de ensino em Aquidauana. Eliene de Carvalho Pereira (49), diz que ficou em choque quando soube que o filho precisaria ser transplantado.
“Foi devastador ouvir os médicos dizendo que os rins dele não funcionavam. Meu mundo caiu quando fiquei sabendo da situação. Imagina ser jovem, estar trabalhando e ter que passar o dia todo numa maca fazendo diálise todos os dias. Não é fácil, mas ele foi a pessoa que mais me deu forças para passar por isso”, desabafa.
Renie descobriu que era renal crônico, saindo do trabalho de moto e no caminho começou a passar mal. Ele diz que no trajeto para a casa a moto estragou, tive de empurrá-la até a casa da irmã, quando perceberam que algo estava errado e que precisaria passar por um médico. "O diagnóstico inicial apontava para uma infecção e dengue, mas por precaução, decidimos procurar outra opinião e descobrimos através dos exames clínicos a alteração da função renal", alega o ex-paciente.
A notícia que abalou toda a família, também mostrava que um dos rins do rapaz estava atrofiado e outro com apenas 5% do funcionamento. Dali em diante ele passou a fazer acompanhamento médico especializado e tratamento através de diálise peritoneal. Com o estágio avançado da doença, logo ele foi inserido na lista de espera por transplante, uma realidade muito difícil para os pacientes renais crônicos, que na sua maioria depende de atitude altruísta de uma família.
Um importante suporte que Renie recebeu durante todo esse tempo de diagnóstico e tratamento, veio também da ex-mulher e sua família, atitudes voluntárias que não serão esquecidas pelo paciente, ao qual se refere a eles com muito carinho. A mãe de Renie ressalta a importância da doação de órgãos, seja em vida ou após a morte. "A pessoa que está doente, não fica enferma sozinha. Toda a família adoece junto. Apesar de viver o dia a dia, você sai do círculo familiar. Sei o quanto é difícil para os familiares aceitarem a doação de órgãos depois que um ente querido se vai, mas conversar sobre isso ajuda muito”, explica.
Seja doador
No caso de transplante com doador falecido a maior demanda neste processo, só acontece por meio da autorização da família respeitando à vontade do paciente em vida e levando em consideração seus atos na sociedade. Há muitos anos não mais é necessário deixar registrado em documento sua intenção em ser doador de órgãos e tecidos, basta apenas comunicar sua família. No caso de doação vivo, o médico especialista deve ser procurado e questionado sobre os critérios necessários.
A Santa Casa de Campo Grande sedia a Organização de Procura de Órgãos (OPO), responsável pelo acompanhamento do processo de doação de órgãos e tecidos no estado de Mato Grosso do Sul, e pode ser acionada 24h para esclarecimento de dúvidas, através do número (67) 3322 4314 ou (67) 984725158.