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Justiça libera jovem envolvido em acidente fatal no autódromo da Capital

Rapaz apresentou versão diferente de testemunhas e organizador do evento segue foragido

Uma das apresentações em eventos de motociclistas - Fonte: Divulgação/MotorSoundBrasil
Uma das apresentações em eventos de motociclistas - Fonte: Divulgação/MotorSoundBrasil

Apesar do histórico de infrações no trânsito, com o registro de duas passagens pela Polícia Civil e de responder a processo na Justiça comum por crime de trânsito, Lucas Eduardo de Oliveira Dihl, de 20 anos, teve a liberdade provisória concedida nesta segunda-feira (3), durante audiência de custódia, em Campo Grande.

O jovem foi preso em flagrante por envolvimento na morte de Nicholas Yann dos Santos de Jesus, também de 20 anos, ocorrida na madrugada desse domingo (2), no Autódromo Internacional de Campo Grande. Eles participavam do evento automobilístico "Motor Sound Brasil", que promovia 'som automotivo' e 'manobras de moto' no local.

Conforme testemunhas ouvidas pela polícia, Nicholas não usava capacete na hora do acidente. Ele sofreu um ferimento profundo na cabeça e morreu após bater em outra moto que também realizava manobras radicais e levava uma passageira na garupa, que teve o braço quebrado.

Para a polícia, não restam dúvidas de que a vítima foi atingida pela moto conduzida por Lucas:

"Analisamos o local minunciosamente. Analisamos juntamente com a perícia, trocando informações, analisamos o corpo. Era uma única lesão em formato de meia-lua bastante profunda na testa do indivíduo que levou ao óbito. Indica que realmente ele foi atingido de cima para baixo pela moto do suspeito. Então, é uma coisa que ficou muito bem caracterizada, inclusive de acordo com a opinião da perícia técnica. É uma situação que nos levou a deliberar pela atuação em flagrante", informou o delegado plantonista Felipe Madeira, que atendeu a ocorrência e encontrou o local do acidente totalmente descaracterizado.

Em depoimento, Lucas disse que usava capacete no momento da batida e que Nicholas teria invadido a pista e provocado o acidente, o que foi contestado por testemunhas ouvidas pela polícia. 

Os socorristas que estavam no evento prestaram os primeiros atendimentos às três vítimas do acidente que foram encaminhadas para unidades de saúde. Nicholas morreu a caminho do hospital. 

Lucas deve ser indiciado por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar ao adotar conduta perigosa. 

Até o fechamento desta reportagem a Rádio CBN Campo Grande não conseguiu contato com a defesa de Lucas Eduardo de Oliveira Dihl.

Organização do evento

Nas redes sociais, um dos organizadores do "Motor Sound Brasil", Rodolfo Manolo Batistote Morro, de 40 anos, conhecido como 'Manolo' disse que conseguiu o alvará para a realização do evento com três semanas de antecedência.

Manolo tem 103 mil seguidores e se apresenta como criador de conteúdo digital e empresário. Até o momento, ele não foi localizado pela polícia para prestar esclarecimentos sobre o caso.

"É um indivíduo que já tem histórico de acidentes graves em seus eventos e continua. Não sabemos como vem realizando esses eventos. E, desta vez, infelizmente, essa falta de responsabilidade resultou aí diretamente na morte de um jovem de 20 anos", afirmou o delegado que também pretende indiciar Manolo pelo homicídio.

Por telefone, Manolo informou à reportagem da CBN Campo Grande que pretende se pronunciar mas, logo depois, não respondeu mais ao nosso contato. No início da tarde, ele removeu parte do conteúdo referente ao evento "Motor Sound Brasil" da sua rede social.

Conforme a polícia, o evento reuniu cerca de duas mil pessoas e foi organizado em parceria com o proprietário do Autódromo de Campo Grande, Orlando Moura. Ele não respondeu ao contato da nossa reportagem.

O boletim de ocorrência destaca que o evento "mesclava som automotivo, intensa bebedeira e pilotagem de motos com manobras, sem orientações em relação aos crimes de trânsito, sem uso de capacetes e sem fiscalizações".

O inquérito foi encaminhado para a Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

*Atualizada às 15h10

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