A calvície, problema capilar que historicamente afeta principalmente os homens na idade madura, está se tornando uma preocupação crescente entre os jovens. De acordo com a Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar, o número de casos de calvície em pessoas com menos de 30 anos tem aumentado de forma alarmante nos últimos anos.
Segundo a associação, entre 50% e 60% do público masculino irão enfrentar algum tipo de calvície ao longo do tempo. Apesar de ser mais comum em homens, as mulheres não estão imunes a alopécia.
Geralmente, os indícios começam a aparecer antes dos 30 anos, como foi o caso do publicitário Flávio Domeniche. “Eu percebi que estava ficando calvo logo após terminar a faculdade. Já tinha notado uma queda de cabelo antes, mas a queda brusca veio praticamente da noite pro dia, veio bem rápida”, disse.
Para contornar a situação, o publicitário recorreu ao transplante de cabelo, e afirmou que fez o procedimento por conta de autoestima. “Tentei fazer vários tratamentos para recuperar o cabelo, só que o tratamento não recupera, o tratamento impede de cair outros fios de cabelo, então recorri ao transplante. E o que me levou ao fazer o transplante capilar foi a autoestima, você se sentir melhor. Eu era uma pessoa muito nova e já com calvície, então queria ter aquela autoestima novamente”, frisou.
A partir daí ele iniciou pesquisa sobre possíveis locais em que poderia fazer o implante. Apesar da Turquia ser referencia mundial em transplante capilar, recebendo 65 mil pessoas anualmente por conta do procedimento – inclusive brasileiros famosos, como o humorista Léo Lins -, Flávio optou por fazer o procedimento na Capital. “Eu optei por fazer em Campo Grande mesmo. Cheguei a pesquisar fora, mas o valor não compensava. Já temos uma medicina que evoluiu muito e é mais acessível. Alguns fios de cabelos caem, é norma, mas a autoestima fica, você começa a se aceitar melhor”, concluiu.
Embora existam os que prefiram fazer transplante, há também os que assumem a calvície. Como é o caso do Engenheiro de Jogos, Leonardo Rocha. "Eu comecei a ter problemas capilares com 19 anos. Procurei tratamento mas percebi que o tratamento era ineficaz. E aí eu decidi que não valia a pena perder tempo e dinheiro com tratamento".
Assim a alopécia, ou calvície, ganhou notoriedade nas redes sociais nos últimos tempos, com perfis dedicados a isso. Um dos exemplos é o “Análise de Calvos", no twitter, um perfil que criou uma tabela de etapas de calvície e as compara com pessoas.
E também da mesma maneira que na década de 90 e ínicio dos anos 2000, surgiu o termo “Maria-Chuteira”, para aquelas que se relacionavam com jogadores de futebol, as redes sociais, em uma clara piada, cunharam o termo “Maria-Calva”, para aquelas que só relacionam com calvos.
Diversos fatores podem contribuir para o surgimento da calvície em jovens. "Existem várias causas, desde genética, usos de medicamentos e usos de hormônios. No entanto, nem toda queda de cabelo é problema. Existe a queda fisiológica, como se o organismo liberasse os fios velhos para a chegada dos novos", explicou a dermatologista, Heloide Marcelino.
A dermatologista destaca que diariamente o ser humano perde de 80 a 120 fios de cabelo, e rechaça mitos de que usar boné ou fones de ouvido provocam a queda de cabelo.