A história da engenheira agrônoma Denise Barros de Azevedo (50), que foi mãe em 2017 através de gestação por fertilização in vitro, é de amor e superação. Ela e o marido foram pegos de surpresa ao descobrirem uma gestação de trigêmeas, novidade que trouxe diversos planos e expectativas ao casal. Infelizmente, após o nascimento prematuro, os bebês apresentaram problemas respiratórios e de má formação nos órgãos. Duas delas não resistiram às comorbidades e faleceram. Denise, que sempre teve uma vida profissional bastante agitada por ser professora universitária, conta que na gravidez, mudou drasticamente a rotina.
Denise é apaixonada pela filha Helena – Foto: arquivo pessoal
“Sou professora da UFMS e vivia orientando aluno de mestrado e doutorado, mas tive que dar uma freada brusca na minha vida. Quando me veio a notícia de que eram trigêmeas, paralisei. O médico foi muito categórico e realista com a gente. Ele disse que havia salvo duas meninas e a terceira, só por um milagre. A prematuridade, traz muitos riscos, e com isso, os órgãos internos das meninas não estavam maduros para essa nova atmosfera. A primeira a falecer foi Adélia, com um sangramento no pulmão. Depois de 20 dias, Maria, que teve uma doença intestinal e fatal. A gente tem que buscar forças no fundo do nosso âmago para continuar seguindo em frente”, explica a "mãezona" da vitoriosa Helena, hoje com cinco anos.
Pedagoga e mãe de Miguel (6), Karen Deduch de 39 anos, afirma que ser mãe de prematuro, é um mix de medo e fé. “Ao mesmo tempo que você tem medo, tem esperança. Ser mãe de prematuro é ver o milagre acontecer na sua frente. São as pequenas intercorrências que mexem com a gente, porque a saúde do bebê não é estável. Um dia está bem e no outro, entubado, uma montanha russa. A gente não consegue amamentar nos primeiros dias de vida do bebê. Como só ordenhava leite e não havia estimulação, pouco antes da alta dele meu leite secou, daí tive que entrar com medicação, foi a parte mais difícil", relata.
O pequeno faz parte de uma estatística preocupante. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 320 mil crianças nascem de maneira prematura a cada ano no Brasil. O número equivale a 877 nascimentos por dia, ou seja, seis prematuros a cada 10 minutos. A recuperação de bebês que nascem precocemente é sem dúvida algo desafiador, tanto para a equipe médica que auxilia no tratamento dentro da Unidade Terapia Intensiva (UTI), quanto às mães que se desdobram nos cuidados, diante das dificuldades no período de internação.
Evolução de Miguel que nasceu com pouco mais de 600g. – Foto: arquivo pessoal
Dados do Sistema Único de Saúde (SUS), revelam que, em 2019, 11% dos nascidos vivos no Brasil foram prematuros. Em 2020, o índice chegou a 11,31% e em 2021, a 12,19%. Segundo o Observatório da Prematuridade, o Brasil é o 10º país em números absolutos de partos prematuros, que ocasionam 10 veses mais óbitos de crianças do que o câncer. Dra. Márcia Maria Antunes, coordenadora médica da linha materno-infantil da Santa Casa de Campo Grande, explica que os cuidados com o bebê iniciam já dentro da sala de parto.
"A gente tem estratégias para o atendimento dessas crianças, que são o controle da temperatura, a manutenção da ventilação adequada às custas de tecnologia, uso de medicações e outros. O tempo de internação de prematuros, vai depender da idade gestacional que nasce esse bebê. Bebês menores, abaixo de 1kg, tendem a ficar mais tempo na UTI, aproximadamente de um a dois meses, se não houver nenhuma complicação, analisa. Ouça a reportagem completa no link abaixo:
Miguel cresceu e se tornou uma criança super ativa – Foto: arquivo pessoal