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ENTREVISTA

Mais de 50% das mortes por doenças cardíacas têm relação com a hipertensão

Cardiologista de Campo Grande destaca que controle da pressão arterial deve começar ainda na juventude

Controle da pressão arterial deve começar ainda na juventude - Foto: Reprodução/Portal RCN67
Controle da pressão arterial deve começar ainda na juventude - Foto: Reprodução/Portal RCN67

Neste sábado (26) é celebrado o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, e o alerta vai além das estatísticas. A doença, silenciosa e frequentemente subestimada, segue como um dos principais fatores de risco para mortes cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).

Em entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande, a cardiologista Sandra Helena Andrade destacou a importância do diagnóstico precoce e das mudanças no estilo de vida para conter o avanço do problema.

Segundo a médica, 51% das mortes por causas cardíacas têm relação com a hipertensão, número que reforça a gravidade do quadro. Ainda mais preocupante é o fato de que muitos brasileiros convivem com a pressão arterial elevada sem sequer saber — o que dificulta o controle e aumenta o risco de complicações.

“A hipertensão é uma doença crônica e multifatorial. Há componentes genéticos, ambientais e sociais envolvidos, como sedentarismo, obesidade, tabagismo, consumo de álcool e principalmente o estresse, que hoje está presente em quase todas as áreas da vida”, alertou Sandra.

Sandra Helena nos estúdios da Massa FM Campo Grande – Foto: Luiz Gustavo Soares/Portal RCN67

Crescimento silencioso e precoce

Embora a incidência da doença aumente com a idade — especialmente após os 60 anos, quando as artérias tendem a se enrijecer — a especialista afirma que pessoas mais jovens também podem ser diagnosticadas com hipertensão, sobretudo quando há histórico familiar e hábitos prejudiciais.

“Ela pode surgir cedo, mesmo em quem tem pressão considerada ‘normal’ por muito tempo. Por isso, a recomendação é que todos, inclusive jovens, meçam a pressão pelo menos uma vez por ano. A aferição periódica é essencial para detectar alterações silenciosas e evitar agravamentos”, afirmou.

Estresse, rotina e autocuidado

A médica também reforçou a relação direta entre saúde mental e pressão arterial. Situações de estresse prolongado, associadas ao ambiente de trabalho ou à vida pessoal, podem atuar como gatilhos para o descontrole da pressão.

“Hoje é praticamente impossível viver sem estresse. O desafio está em equilibrar isso com momentos de lazer, atividade física e alimentação adequada. Caminhadas ao ar livre, pausas durante o dia e práticas que envolvam o bem-estar, como desligar o celular por um tempo, são fundamentais”, destacou.

Alimentação e estilo de vida

Além do controle emocional, a prevenção passa por um conjunto de práticas, como reduzir o consumo de sal e alimentos ultraprocessados, manter uma alimentação equilibrada e incorporar o exercício físico à rotina. Para a cardiologista, essas medidas devem começar cedo.

“É um trabalho que precisa começar na infância. Educar as crianças e os adolescentes para hábitos saudáveis pode evitar o surgimento precoce da hipertensão. Hoje, o diagnóstico ainda é subestimado e o controle está longe do ideal”, pontuou.

Sintomas e atenção redobrada

Apesar de silenciosa, a hipertensão pode dar sinais. Dor de cabeça, tontura, cansaço e mal-estar ocasional podem indicar que algo não vai bem, mas não são sintomas universais. “A maioria das pessoas com pressão alta não sente nada. Por isso, medir regularmente a pressão é o único caminho para saber como está sua saúde cardiovascular”, concluiu.