A passarela do Lago do Amor, em Campo Grande, foi destruída mais uma vez após o temporal que atingiu a cidade nesta terça-feira (19). Em apenas duas horas, choveu 65 milímetros, quase metade do volume esperado para todo o mês de março, segundo o meteorologista Natálio Abrahão, da Uniderp.
A situação levanta questionamentos sobre a durabilidade da obra, entregue há apenas 17 meses, e o funcionamento do sistema de comportas, que deveria controlar o nível do lago e evitar esse tipo de problema.
Para esclarecer as causas do incidente, o programa Microfone Aberto recebeu a engenheira civil e ambiental Izabella Grubert. Durante a entrevista, ela explicou que a drenagem urbana de Campo Grande sofre com problemas estruturais antigos, agravados pela urbanização acelerada.
O que levou ao desabamento da passarela?
Sobre a destruição da passarela do Lago do Amor, Izabella destacou que vários fatores podem ter contribuído. “Se o lago está assoreado e a comporta não funcionou corretamente, a força da água aumenta e pode comprometer a estrutura”, disse. Segundo ela, a operação do sistema de drenagem precisa ser eficiente e bem planejada para evitar novos desastres.
A engenheira também chamou atenção para a necessidade de automatização desses sistemas. “Hoje, já existem tecnologias que permitem o controle remoto das comportas, evitando que seja necessário o deslocamento de uma pessoa até o local para abrir manualmente. Isso reduz o risco de falhas operacionais”, afirmou.
De acordo com a engenheira, os alagamentos frequentes em Campo Grande são resultado da impermeabilização do solo e do sistema de drenagem defasado. “As redes de drenagem foram dimensionadas para um padrão de chuva do passado. Hoje, com o aumento da urbanização e mudanças climáticas, temos um volume de água muito maior e um sistema que não dá conta”, afirmou.
Previsibilidade e soluções
Izabella ressaltou que, apesar das dificuldades, é possível prever eventos extremos e minimizar seus impactos. “A previsão meteorológica já fornece alertas antecipados. O problema é quando a operação do sistema depende de ações manuais e demoradas. Com tecnologia e planejamento, os riscos podem ser reduzidos”, explicou.
Confira a entrevista completa desta quinta-feira (20):