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AGRO É MASSA

Segunda-feira foi horrível para soja com estoques dos EUA, queda nos prêmios e câmbio no Brasil

Relatório surpreende mercado, causa queda em Chicago e reflete nas cotações nacionais

Situação normal ocorre em colheita recorde de soja do Brasil. Foto - Reprodução/ Aprosoja
Situação normal ocorre em colheita recorde de soja do Brasil. Foto - Reprodução/ Aprosoja

O relatório de ocupação de área dos Estados Unidos veio exatamente dentro do esperado: a área de milho cresceu! a área de soja recuou!

Entretanto, como um título de filme já antigo, foi “Um dia terrível, horroroso e espantoso” ou coisa do tipo.

Mas o que foi que aconteceu?

Aconteceu, meus amigos, que o relatório de estoques trimestrais, na posição de primeiro de março, mostrou uma reserva de soja maior que o esperado nos Estados Unidos. O efeito imediato foi a queda dos negócios em Chicago.

Os operadores entenderam que, mesmo com a forte venda no primeiro bimestre para a China, havia muita soja disponível nos EUA.

Os fatos derrubaram soja em Chicago e refletiram com queda no Brasil, quedas que chegaram até R$ 3 e R$ 4 por saca de 60 quilos. Contudo, apesar da certa surpresa com os estoques norte-americanos, o mercado deve seguir o roteiro esperado.

Então, muita calma nesta hora.

Com a China diminuindo fortemente as compras junto aos Estados Unidos é natural haver um descolamento do mercado brasileiro da bolsa de Chicago. Os fundamentos devem se basear, em curto espaço de tempo, em área menor destinada a oleaginosa nos EUA, China demandando a América do Sul e os prêmios nos portos brasileiros compensarem as perdas da CBOT. Mesmo com as quedas nos valores dos prêmios nas últimas semanas, uma situação normal em plena colheita recorde do Brasil.

Em meu entendimento, o bushel da soja na CBOT deve ficar mais próximo de US$ 10 e cada vez mais longe de US$ 11.

Por fim, o relatório de prospecção de áreas não decepcionou e trouxe a área de soja da safra 2025/26 dos EUA 4% inferior a campanha passada, ocupando agora 33,79 milhões de hectares. A área de milho ficou em 38,57 milhões de hectares, 5% maior que a safra anterior.

De qualquer forma, foi um dia nada positivo para a formação de preço da soja no Brasil, com queda em Chicago, queda nos prêmios e recuo de 0,93% no dólar, que fechou a R$ 5,70, na contramão do mundo, em dia de fechamento da PTAX.

Nesta terça-feira, às 9h08, os cenários já apresentavam alguma melhora, com alta de em torno de 0,30% para as posições negociadas em curto prazo em Chicago, dólar subindo no Brasil 0,40% e prêmios estáveis nos portos.

Por Fabiano Reis, jornalista, mestre em Produção e Gestão Agroindustrial e apresentador do programa “O Agro é Massa”.