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SEGURANÇA

Mato Grosso do Sul deve ampliar em 20% o número de Salas Lilás até o fim de 2025

Atualmente, o espaço destinado ao atendimento humanizado de mulheres vítimas de violência doméstica e sexual está presente em 48 municípios do estado

Interior de uma Sala Lilás
Interior de uma Sala Lilás | Foto: Divulgação/Governo de MS

A previsão é que até o final de 2025, 58 dos 79 municípios sul-mato-grossenses contem com uma Sala Lilás, espaço destinado ao atendimento humanizado de mulheres vítimas de violência doméstica e sexual.

O projeto, pioneiro no país, teve sua primeira unidade inaugurada em 2019, em Sidrolândia. Nesta semana, mais uma sala foi implementada em Itaquiraí, elevando para 48 o número de municípios que já possuem essa estrutura.

A coordenadora do projeto, delegada Cristiane Grossi, explica que as Salas Lilás facilitam o atendimento, especialmente durante os finais de semana e no período noturno.

Segundo ela, a Polícia Civil está implementando as unidades nas delegacias regionais, onde existe plantão policial, para garantir que as vítimas tenham acolhimento adequado a qualquer hora do dia.

“A violência doméstica ocorre normalmente nos finais de semana e no período noturno. Antes, a mulher era atendida no plantão comum, mas agora, com esse trabalho integrado da Polícia Civil e da assistência social dos municípios, há um espaço específico para esse tipo de atendimento. Nossa previsão é de pelo menos mais dez salas implementadas até o fim do ano”, afirmou a delegada.

A estrutura da Sala Lilás conta com dois ambientes: um cartório para formalização da denúncia e um espaço com brinquedos, sofá e banheiro com trocador, considerando que muitas vítimas chegam acompanhadas de crianças ou bebês. O atendimento humanizado, segundo Grossi, é um dos diferenciais do projeto.

“O maior trunfo da Sala Lilás é a parceria entre a Polícia Civil e as prefeituras, por meio da assistência social. Nos casos graves, quando há flagrante, o delegado aciona um profissional da assistência social, que acompanha a vítima na delegacia”, destacou Grossi.

“Após o registro da ocorrência, esse profissional auxilia na busca por abrigo, reinserção no mercado de trabalho e atendimento psicológico. Notamos que, nas cidades onde a Sala Lilás é implementada, há um aumento inicial no número de ocorrências registradas, pois as mulheres se sentem mais encorajadas a denunciar, e, depois, esse número tende a cair”, complementou.

Monitoramento da violência

De acordo com o Monitor de Violência contra a Mulher, divulgado nesta semana pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, 20.321 mulheres sofreram violência doméstica no estado apenas em 2024. Nos 47 municípios que contavam com Salas Lilás, no ano passado, a média é de 168 casos por cidade, enquanto nos 31 municípios sem a estrutura, a média sobe para 183 ocorrências.

No entanto, algumas vítimas relatam falhas no atendimento. Ceurecy Fátima Santiago Ramos, presidente da Associação de Capacitação e Instrução de Economia Solidária do Povo (Aciesp), que há mais de uma década acolhe mulheres vítimas de violência, aponta que ainda há casos de despreparo por parte de alguns profissionais responsáveis pelo atendimento inicial.

“Recebemos relatos de vítimas que nem sempre tem recepção, muitas vezes tem que entrar em contato com o pessoal da prefeitura e eles destinam alguém para atender”, afirmou Ceurecy.

A coordenadora do projeto reforça a existência da parceira da Policia Civil com as prefeituras locais, por meio da assistência social, e que os profissionais que atuam na salas lilás são capacitados para prestar o atendimento às vitimas.

“Nossos policiais civis são treinados para atender casos de violência doméstica e sexual. As Salas Lilás funcionam em um modelo de integração entre a Polícia Civil e a assistência social, e quaisquer dúvidas podem ser esclarecidas pelo telefone (67) 3318-7900.”