A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, afirmou nesta terça-feira (18) que há falhas estruturais e de comunicação na Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande. A declaração ocorreu após reunião com o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel.
Segundo a ministra, os serviços não possuem um sistema integrado, o que dificulta o atendimento às vítimas de violência.
“Não conseguimos ter um sistema que um converse com o outro, que o psicossocial, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e o juizado falem entre si, que as informações circulem dentro da Casa. O sistema ainda é manual” – Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves
A visita da ministra faz parte das investigações após a divulgação de áudios da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada a facadas pelo ex-companheiro, Caio Nascimento. Momentos antes do crime, ela relatou dificuldades ao buscar ajuda na Casa da Mulher Brasileira. Segundo Cida Gonçalves, 70% dos serviços são de responsabilidade do governo estadual e há a necessidade de revisar o modelo de gestão.
Apesar das falhas, a ministra pediu para que as mulheres continuem buscando atendimento e ressaltou que o serviço tem qualidade. Ela afirmou ter o relatório do atendimento prestado à Vanessa pela Casa da Mulher Brasileira em mãos e garantiu que soluções serão implantadas imediatamente após reuniões que ainda devem ocorrer hoje (18).
Após a reunião, o governador Eduardo Riedel anunciou a digitalização dos atendimentos para tornar os processos mais ágeis. “O laudo da Vanessa foi feito manualmente, e isso precisa mudar para um sistema eletrônico. Assim, os casos serão distribuídos com mais rapidez. Há várias ações que podemos implementar para tornar a Casa da Mulher Brasileira ainda mais eficiente”, afirmou.
Riedel também reconheceu falhas institucionais no atendimento às vítimas de violência e reforçou que o problema não se limita a um único responsável. Para ele, “não é uma questão de uma pessoa específica, mas do processo, do conjunto da informação, da tecnologia e do equipamento”. O governador destacou que, apesar do histórico de bons serviços prestados, ainda há desafios que precisam ser enfrentados sem acusações prematuras.
Vanessa Ricarte foi a segunda vítima de feminicídio registrada em Mato Grosso do Sul em 2025. A ministra destacou que as mudanças na Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande podem servir como modelo para outros estados. Segundo ela, existem apenas dez Casas da Mulher Brasileira em funcionamento no país, e os procedimentos para aprimorar o atendimento serão aplicados na maioria das unidades.
A ministra Cida Gonçalvez ainda deve se reuir com o desembargador Dorival Renato Pavan, presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), e com o desembargador Ruy Celso Barbosa, corregedor-geral do TJMS. No final da tarde está prevista audiência com a Prefeita Adriane Lopes.