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Morada dos Baís com sinais de abandono

Paredes desgastadas mostram a falta de cuidado com o prédio histórico

Paredes desgastadas mostram a falta de cuidado com o prédio histórico - Foto: Isabelly Melo/CBN
Paredes desgastadas mostram a falta de cuidado com o prédio histórico - Foto: Isabelly Melo/CBN

Relatos em redes sociais de moradores da capital evidenciam o atual cenário da Morada dos Baís: suja e com ‘cara’ de abandonada. Importante marco na história da capital de Mato Grosso do Sul, o local era administrado pelo Sesc (Serviço Social do Comércio) até maio deste ano, quando passou a ser de responsabilidade da prefeitura municipal.

Tombamento pelo município em 04 de junho de 1986, a CBN Campo Grande foi até o local para conferir de perto a situação da estrutura, confira:

A reportagem entrou em contato com a prefeitura municipal, que em nota disse: “Estamos aguardando o Sesc pintar a Morada, e estamos criando um cronograma de eventos e ações, que se iniciarão após a entrega da revitalização”.

História

O edifício, hoje conhecido como Morada dos Baís, foi construído em etapas entre os anos de 1913 e 1918 para abrigar a família do italiano Bernardo Franco Baís. Na época da construção do sobrado a avenida Afonso Pena encerrava nas imediações da edificação, sendo prolongada apenas com a chegada dos quartéis no início dos anos de 1920.

Lydia Baís, umas das personalidades mais representativas nas artes em Campo Grande e filha de Bernardo Baís, morou no sobrado durante alguns anos. Em uma de suas passagens pelo edifício, provavelmente na década de 1930, a artista pintou alguns afrescos nas paredes internas do edifício, pinturas essas que sobreviveram ao tempo e ao que se sabe ainda permanecem nas paredes do edifício. O acervo da artista foi doado para a população do estado por meio da fundação de cultura, tombado em 1998 em nível estadual, estando sob a salva-guarda das obras até então.

Bernardo Franco Baís faleceu em 1938, atropelado pela maria fumaça que tanto amava. Após a morte do patriarca, o sobrado foi arrendado para o sr. Nominando Pimentel em 1938, e ali instalou uma pensão. Por isso o sobrado ficou conhecido durante muitos anos, como Pensão Pimentel.

O local passou por dois incêndios, o primeiro em 29 de junho de 1947, e o segundo em 1988. Entre o intervalo dos incêndios, a partir de 79, o sobrado deixou de ser pensão e passou a abrigar diversos usos para fins de comércio e serviços como: sapataria, escola de datilografia, fornecimento de marmitas, costureira, conserto de tv, casa lotérica, alfaiate e etc.

Em 1993 a Morada foi incorporada ao patrimônio do município, que em parceria com o Sebrae/MS iniciou o processo de recuperação do prédio e revitalização do espaço. O uso destinado após os serviços de engenharia e arquitetura foi o de centro de informações turísticas e culturais de Campo Grande.

Em 17 de maio de 1995 foi inaugurado o centro de informações turísticas e culturais e o prédio da Morada dos Baís foi devolvido para a sociedade totalmente recuperado. O edifício abrigou ainda o museu Lídia Baís, a sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes e diversas atividades e manifestações culturais.