A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul apresentou, em audiência pública, o balanço financeiro e operacional referente ao terceiro quadrimestre de 2024. Os dados indicam que, apesar do alto volume de investimentos, alguns desafios estruturais e operacionais ainda dificultam o atendimento à população.
Durante a audiência, realizada na Assembleia Legislativa, a pasta informou que o percentual aplicado na saúde, atingiu 12,53%, superando o mínimo constitucional de 12%. Isso representa um investimento de R$ 96 milhões acima do limite.
Estado aplicou R$ 2,75 bilhões na saúde ao longo do ano, sendo 84% provenientes de recursos estaduais.
Atrasos em obras e dificuldades no atendimento
O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, sob nova gestão estadual desde setembro, é um dos pontos de atenção. A diretora-presidente da unidade, Marielle Alves, afirmou que a taxa de satisfação do usuário está em 73,36%, dentro da meta estipulada.
No entanto, as reformas em andamento, como a da enfermaria de pediatria e do CTI infantil, têm gerado dificuldades na operacionalização dos serviços.
“Estamos contingenciados em vários setores e buscando soluções para manter a qualidade no atendimento”, ressaltou Alves. Além disso, a falta de técnicos de enfermagem e pediatria também preocupa a gestão.
Uma contratação emergencial está prevista para suprir essa carência, enquanto um novo concurso é planejado.
Fila de cirurgias e ausências impactam serviços
Outro problema destacado foi a fila de cirurgias eletivas e exames diagnósticos. O programa “Mais Saúde, Menos Fila” realizou mais de 4,3 mil cirurgias no último quadrimestre, mas o absenteísmo dos pacientes preocupa.
“Tivemos um índice um pouquinho maior no último quadrimestre, que a gente entende que esteja associado ao período eleitoral, à dificuldade de organização de transportes e também às festividades do final do ano”, afirmou a superintendente de Gestão Estratégica, Maria Angélica Benetazzo,
A regionalização da saúde também está em processo de implantação, visando descentralizar os atendimentos de alta e média complexidade. A gestão estadual assumiu o Hospital Regional de Dourados e planeja readequar a oferta de especialidades em outros municípios.
Investimentos e auditorias
A Secretaria também apresentou os números da auditoria interna, realizada para garantir a correta aplicação dos recursos. No período, foram gerados 215 relatórios, sendo cinco auditorias extraordinárias motivadas por órgãos de controle, como o Ministério Público.
O levantamento também revelou um aumento de 8% na produção ambulatorial e 4% na hospitalar em comparação a 2023.
Apesar dos avanços, a execução de obras ainda apresenta atrasos. O centro de radioterapia, por exemplo, tem previsão de conclusão para agosto, mas só poderá operar após liberação de licenças, o que pode demorar até oito meses.