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SAÚDE

MS coleta quase 2 mil amostras de água em seis anos, mas exames sobre agrotóxicos são feitos fora do estado

Plataforma em desenvolvimento promete tornar públicos os dados sobre qualidade da água consumida no estado

Plataforma em desenvolvimento promete tornar públicos os dados sobre qualidade da água consumida no estado - Foto: Divulgação/Governo de MS
Plataforma em desenvolvimento promete tornar públicos os dados sobre qualidade da água consumida no estado - Foto: Divulgação/Governo de MS

Entre 2019 e 2025, quase duas mil amostras de água foram coletadas em Mato Grosso do Sul para análise da presença de resíduos de agrotóxicos. O monitoramento faz parte das ações do Programa VIGIÁGUA, que acompanha de forma contínua a qualidade da água destinada ao consumo humano nos 79 municípios do estado.

Apesar do volume de coletas, os exames para detecção de pesticidas ainda não são feitos em laboratórios locais — as amostras precisam ser enviadas ao Rio de Janeiro.

A análise é realizada pelo Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Fiocruz (CESTEH), unidade de referência nacional no tema. Os resultados brutos retornam ao programa estadual, que emite laudos e repassa aos municípios orientações para ações preventivas ou corretivas, quando necessário.

Segundo dados do próprio sistema, a pandemia de Covid-19 interrompeu as coletas em 2020, mas a retomada ocorreu com força nos anos seguintes: foram 455 amostras analisadas em 2021, 593 em 2022, 281 em 2023, 390 em 2024 e outras 94 já neste ano. Ao todo, 1.958 coletas foram feitas desde o início da série histórica.

As análises seguem os parâmetros definidos em portarias do Ministério da Saúde, que determinam o Valor Máximo Permitido (VMP) para substâncias como coliformes, Escherichia coli, cloro, flúor, turbidez e compostos químicos diversos.

De acordo com os técnicos envolvidos no monitoramento, nenhum resultado ultrapassou o limite estabelecido para agrotóxicos até o momento.

Mesmo com a vigilância regular, a estrutura técnica ainda depende de envio de amostras para outros estados, o que pode gerar atrasos no diagnóstico e limitações para atuação imediata em casos emergenciais. Ainda assim, o Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN-MS), responsável pelas coletas e registro dos dados no sistema federal, acompanha todo o processo — da orientação às equipes à logística de envio.

Para ampliar o acesso às informações, está em desenvolvimento um painel de transparência com dados sobre a qualidade da água em todo o estado. A proposta é permitir que qualquer cidadão consulte os resultados do monitoramento de forma direta, sem depender de relatórios internos ou solicitações formais.

A criação do painel pode representar um avanço no controle social sobre um recurso essencial — especialmente em regiões rurais ou em áreas onde a população convive com suspeitas sobre a contaminação da água por pesticidas, um problema recorrente em estados com forte presença do agronegócio.

*Com informações do Governo de MS