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ECONOMIA

MS é o 4º estado mais beneficiado com guerra comercial entre EUA e China, aponta estudo

Impacto positivo no PIB sul-mato-grossense é estimado em R$ 871 milhões, puxado pelo crescimento da demanda por soja, de acordo com UFMG

Impacto positivo no PIB sul-mato-grossense é estimado em R$ 871 milhões, puxado pelo crescimento da demanda por soja, de acordo com UFMG - Foto: Reprodução/Semadesc
Impacto positivo no PIB sul-mato-grossense é estimado em R$ 871 milhões, puxado pelo crescimento da demanda por soja, de acordo com UFMG - Foto: Reprodução/Semadesc

Enquanto centros industriais como São Paulo e Minas Gerais devem amargar perdas bilionárias com a nova guerra tarifária entre Estados Unidos e China, Mato Grosso do Sul desponta como o quarto estado mais beneficiado do país.

Segundo estimativas do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea-Cedeplar/UFMG), o impacto positivo no PIB estadual pode chegar a R$ 871 milhões.

O estudo, que simulou os efeitos econômicos das tarifas anunciadas pelas duas maiores potências mundiais, mostra que os maiores ganhadores seriam os estados com forte base agroexportadora.

Mato Grosso lidera o ranking com R$ 5,35 bilhões em ganhos, seguido por Maranhão (R$ 1,3 bilhão) e Piauí (R$ 952 milhões). Mato Grosso do Sul fecha a lista dos quatro estados com projeção de crescimento relevante em meio a um cenário global de retração​.

Soja impulsiona crescimento no Centro-Oeste

A explicação para esse desempenho está na soja. Segundo o estudo, as exportações brasileiras de sementes oleaginosas podem crescer 28% no novo cenário internacional, o que favorece diretamente estados como MS, onde a produção de grãos é um dos pilares da economia.

Esse potencial é confirmado pelos dados de comércio exterior de 2024. Mato Grosso do Sul exportou US$ 9,9 bilhões {FOB} no ano, e a soja respondeu por quase um terço disso, US$ 2,8 bilhão {FOB}. Outros produtos de destaque foram a celulose (US$ 2,6 bilhão {FOB}) e a carne bovina congelada (US$ 1,2bi {FOB}), conforme levantamento da equipe do RCN67 com base na balança comercial​.

Mundo perde, agro brasileiro ganha

Embora o Brasil registre um pequeno ganho global no PIB (0,01%), a guerra comercial entre EUA e China representa um baque significativo para o comércio mundial, segundo o estudo da UFMG. As simulações apontam para:

  • Queda de US$ 205 bilhões no PIB global
  • Redução de US$ 502 bilhões no comércio internacional
  • Perda de 0,7% no PIB dos EUA e 0,6% no da China

Para o Brasil, os efeitos são desiguais: o setor agropecuário ganharia US$ 5,5 bilhões, enquanto a indústria perderia US$ 8,9 bilhões, especialmente nos segmentos de transporte, metalurgia e alimentos processados. Os serviços também recuariam US$ 1,6 bilhão​.

Região industrial perde, Centro-Oeste avança

O impacto negativo é mais forte nas regiões industrializadas. São Paulo, por exemplo, pode registrar perdas superiores a R$ 4 bilhões, com destaque para a indústria de transformação. Minas Gerais teria recuo de R$ 1,16 bilhão, principalmente na agropecuária.

Já os estados do Centro-Oeste apresentam crescimento puxado pelo realinhamento comercial. Com a imposição mútua de tarifas entre as duas potências, países como o Brasil passam a ser alternativas estratégicas para fornecimento de commodities agrícolas, como soja, milho e carne.