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MEIO AMBIENTE

Multas por descumprimento da logística reversa crescem em Mato Grosso do Sul

Penalidades aplicadas variam de R$ 100 mil a R$ 5 milhões, podendo chegar até mesmo à suspensão da licença ambiental das empresas infratoras

Multas por descumprimento da logística reversa crescem em Mato Grosso do Sul - Foto: Reprodução/Imasul
Multas por descumprimento da logística reversa crescem em Mato Grosso do Sul - Foto: Reprodução/Imasul

Empresas do estado têm sido alvo de fiscalização rigorosa do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) devido ao descumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

A legislação prevê a destinação correta dos resíduos sólidos e a implementação de sistemas de logística reversa para embalagens e produtos pós-consumo. Com isso, as autuações aumentaram significativamente nos últimos anos.

Segundo dados do Imasul, foram emitidos 1.724 autos de infração por irregularidades ambientais, sendo 532 relacionados ao ano-base de 2019 e 1.192 referentes aos anos-base de 2019 e 2020. As penalidades aplicadas variam de R$ 100 mil a R$ 5 milhões, podendo chegar até mesmo à suspensão da licença ambiental das empresas infratoras.

A logística reversa exige que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes garantam a destinação ambientalmente adequada de materiais como papel, plástico, vidro, alumínio e aço.

A regulamentação da logística reversa em Mato Grosso do Sul teve início em 2016, com a Resolução 33 da então Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico (Semade).

Em 2019, um decreto consolidou essas diretrizes e, em 2023, novas regulamentações foram implementadas, incluindo a criação do Certificado de Reciclagem “Recicla Mais MS”. Esse certificado formaliza a reintegração de embalagens ao ciclo produtivo, garantindo maior controle e transparência sobre os processos de reaproveitamento de resíduos sólidos.

Outro ponto de destaque no novo decreto foi a inclusão de verificadores e auditores independentes para monitorar a logística reversa. Além disso, o prazo para apresentação das informações sobre o cumprimento das regras foi estendido de 31 de dezembro para 30 de junho, permitindo que as empresas tenham mais tempo para comprovar a regularização.

A advogada Patrícia de Pádua explica que a logística reversa é um conjunto de procedimentos voltados para garantir a destinação correta dos resíduos sólidos gerados após o consumo.

“O objetivo é reintegrar esses materiais ao ciclo produtivo, reduzindo impactos ambientais e promovendo a economia circular. Isso pode ocorrer por meio de reciclagem, reuso ou outras formas de reaproveitamento. Um exemplo simples é a devolução de garrafas de vidro em mercados ou a entrega de eletrônicos antigos em pontos de coleta especializados“, explica.

Ela destaca que as recentes mudanças na legislação buscam ampliar a transparência e o controle sobre a logística reversa no estado. “O decreto de 2023 trouxe inovações importantes, como o Certificado de Reciclagem e a exigência de verificadores independentes. Além disso, a vinculação da regularidade da logística reversa à concessão e renovação de licenças ambientais reforça a necessidade de adequação das empresas”, pontua Patrícia.

A intensificação da fiscalização pelo Imasul revelou que muitas empresas desconheciam a obrigatoriedade de adequação às normas. Desde 2018, o instituto convoca as empresas para a regularização por meio de editais, sem notificação individual.

Esse fator tem causado surpresa para empresários que, ao serem autuados, alegam falta de conhecimento sobre a exigência.

A advogada aponta que Mato Grosso do Sul se tornou referência nacional na regulamentação da logística reversa, com regras mais rígidas e um sistema autônomo de fiscalização, diferente de estados onde a regularização está atrelada ao licenciamento ambiental.

Empresas que comercializam produtos no estado devem atender às exigências, mesmo sem sede ou filiais locais.