O superintendente do Ministério da Saúde veio à Campo Grande para participar de uma reunião no Hospital São Julião e saber mais sobre a atual situação contratual da instituição. O encontro foi realizado na manhã desta sexta-feira (30) na sede do hospital com representantes da instituição e do poder público.
Em 2022, de acordo com dados do Sistema Único de Saúde (Sus), o hospital São Julião realizou 60% de todas as cirurgias eletivas da capital, foram mais de 370 mil procedimentos feitos no local. Desde o início do ano, a unidade vinha realizando 126 procedimentos por mês de forma extracontratual, já que o estipulado pela gestão municipal é que sejam feitos apenas 26 procedimentos no local, o que interfere diretamente na saúde financeira do hospital, como conta o presidente do São Julião, Carlos Melke.
"Já que Campo Grande não tem um hospital municipal, nós nos estruturamos para atender a demanda da cidade. Quando essas cirurgias são suspensas, isso compromete a saúde financeira do hospital, que tem que arcar com os gastos da estrutura médica e hospitalar […] A nossa dúvida é para onde foram esses pacientes que não estamos mais atendendo, porque nós sabemos que a demanda é alta e a fila para as cirurgias é grande, quem acaba sentindo mais é a própria população, que tem que esperar mais por uma vaga para cirurgia", afirma.
Após a reunião, o superintendente do Ministério da Saúde, Dr. Ronaldo Costa falou como avalia a situação do hospital e o que será feito frente à gestão municipal.
"Tomamos conhecimento da restrição no contrato do hospital com o município de Campo Grande e nós queremos saber qual a solução que o município tem e como ele vai recompor os serviços que eram feitos aqui no São Julião […] O que se deve tomar cuidado e não pode ocorrer de forma repetitiva é a contratualização de serviços privados, porque isso privatiza o orçamento da saúde, o município deve estar preparado para assumir suas responsabilidades e não transferir o orçamento público da saúde para beneficiar serviços privados", explicou o superintendente.
Também presente no encontro, o presidente da Federação dos Hospitais filantrópicos e Beneficentes de Mato Grosso do Sul (Fehbesul), Ivandro Fonseca, avaliou como positiva a visita do superintendente e disse quais as ações serão tomadas pela fundação para acelerar as tratativas com o poder público.
"O hospital presta o serviço e a prefeitura não paga, e isso não podemos concordar. Diante desse cenário, a fundação vai comunicar a ministra da saúde sobre o que está acontecendo no São Julião, nós também vamos comunicar o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual para que as devidas providências sejam tomadas. Não podemos aceitar que os recursos sejam retidos e não sejam passados para as instituições", concluiu.
Retorno
Em resposta à CBN Campo Grande, sobre a atual situação do contrato com o hospital São Julião, a prefeitura afirmou que a previsão é de que o termo de renovação do contrato seja publicado nos próximos dias e que os termos contratuais deverão ser mantidos, não havendo alteração de valores neste momento.
"O hospital pleiteia um incremento ao convênio de aproximadamente 350 mil, para realização de cirurgias eletivas, a ser acrescido no componente de Média e Alta Complexidade (MAC). No entanto, este incremento ainda deverá ser discutido entre Estado e Município", complementa a nota retorno da gestão municipal.