As 16 ondas de calor consecutivas em Mato Grosso do Sul, associadas ao período de chuvas abaixo da média desde setembro de 2023, têm contribuído para agravar o cenário de seca do Rio Paraguai.
Apesar da volta das chuvas no estado desde o mês de outubro, o volume de chuva registrado até o momento ainda não é suficiente para elevar o principal rio da região pantaneira.
“O Rio Paraguai está um (1) metro abaixo do seu nível normal, em média, e o que a gente precisaria é de um volume maior de chuva e mais constante […] se a gente pegar para um cenário futuro, para os meses de janeiro, fevereiro, por mais que a gente saiba que o rio vai aumentar ainda o seu volume, o seu nível por causa das chuvas, ele não vai chegar à normalidade que a gente espera dos últimos anos”, explica o gerente de recursos hídricos do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), Leonardo Sampaio Costa.
No final do mês de novembro, o Governo do Estado prorrogou o decreto de escassez hídrica decretado no início do ano pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Sem expectativa positiva para a volta à normalidade do nível do Rio Paraguai, a estimativa é que o próximo ano seja de chuvas abaixo da média.
“Este ano de 2025 também será um ano de escassez hídrica. Então, a gente está um pouquinho melhor do que o ano passado. A previsão é que teremos chuvas ainda muito próximas da média, mas um pouco abaixo, e que a gente não vai conseguir recuperar ainda no ano de 2025”.
Segundo o meteorologista do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), Vinícius Sperling, este é o sexto ano consecutivo de registro de chuvas abaixo da média.
“O Pantanal sul-mato-grossense está, desde 2019, com chuvas abaixo da média. 2023 chegou muito próximo da média, mas não atingiu a média. Então, são seis anos de chuvas abaixo da média. E, pelo que a gente tem percebido agora em dezembro, não está mostrando um cenário de que essas chuvas possam ultrapassar essa média”, explicou o meteorologista.
O cenário ainda é mais preocupante com a potencialização da evaporação de água devido à seca e pelas fortes ondas de calor que têm atingido o estado.
“O cenário de agora, o que preocupa um pouco, é a seca, a falta de chuva aliada a temperaturas muito acima do normal. E isso é um cenário que a gente não vinha passando. Por exemplo, a onda de calor é definida como 5°C acima da média por um período de, no mínimo, 5 dias. A gente chegou a perceber momentos no Pantanal com 7°C, 8°C acima da média, atingindo até 43°C de temperatura, como em outubro e novembro deste ano, em Aquidauana, em Corumbá e em Miranda, também próximo de 43°C. Essas ondas de calor têm potencializado a evaporação acelerada das superfícies de água”, disse.