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No ano em que completa 47 anos, MS ganhou um "irmão"

Região de Taparacá, no Chile, virou um estado irmão de Mato Grosso do Sul, facilitando acordos e estreitando relações entre os dois estados

Iquique (a esquerda) é a maior cidade da Região de Tarapacá
Iquique (a esquerda) é a maior cidade da Região de Tarapacá | Foto: Divulgação

No ano em que completa 47 anos , Mato Grosso do Sul se tornou ainda mais único ao ganhar um “irmão” internacional, a região de Tarapacá, no Chile.

Mas como dois territórios separados por mais de 2.300 quilômetros se tornam irmãos? A secretária de Relações Internacionais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Lucilene Machado, destaca os benefícios e explica o conceito de estado irmão.

“Essa relação formalizada entre duas regiões administrativas de países diferentes visa promover intercâmbio cultural, econômico e educacional. Isso também pode acontecer entre estados de uma mesma nação, baseando-se em critérios culturais, econômicos e geopolíticos”, afirma Lucilene.

Similaridades históricas e culturais, economia complementar e localização geográfica estratégica são alguns motivos que podem levar ao estabelecimento dessa parceria.

A parceria com Tarapacá

Em maio de 2024, uma lei estadual oficializou Tarapacá como estado irmão de Mato Grosso do Sul. Segundo o assessor especial da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, Lúcio Lagemann, desde 2023 existe um acordo de cooperação técnica entre as duas regiões.

O objetivo principal desse acordo é fomentar o comércio internacional, utilizando o porto de Iquique, na região chilena, como um hub logístico para produtos de Mato Grosso do Sul.

“O porto de Iquique facilita importações e exportações, com origem e destino no Mato Grosso do Sul, estreitando as relações comerciais entre os dois estados”, detalha Lagemann.

A Rota Bioceânica, que conectará Mato Grosso do Sul ao norte do Chile, será um dos grandes vetores dessa cooperação, permitindo que mercadorias circulem com maior facilidade.

Oscar Tapia, consultor internacional de Tarapacá, também vê grandes oportunidades nessa relação. “A experiência de comércio internacional da região de Tarapacá, que conta com uma zona franca ativa há quase 50 anos, oferece vantagens para as exportações e importações brasileiras”, afirma.

Ele também destaca a diversidade cultural e o ambiente cosmopolita da região, que atrai negócios de várias partes do mundo.

Novos horizontes para empreendedores sul-mato-grossenses

A parceria entre os dois estados também abre portas para empresários. Nos próximos dias, uma comitiva de 12 mulheres empreendedoras de Mato Grosso do Sul viajará até Iquique, no Chile, para participar de uma missão técnica organizada pelo Sebrae. A diretora técnica do Sebrae MS, Sandra Amarilha, destaca o caráter inovador da iniciativa.

“Elas terão a oportunidade de negociar, conhecer o mercado local e se conectar com a Zona Franca de Iquique, inserindo-se nesse novo ambiente de negócios”, diz Sandra. A missão promete abrir novos horizontes para o comércio e a integração entre os dois estados.

Integração acadêmica e comercial

Além das trocas comerciais, a cooperação entre Mato Grosso do Sul e Tarapacá também envolve o setor acadêmico. O escritório comercial de Tarapacá, inaugurado em Campo Grande em 2023, facilita o contato entre empresários e universidades das duas regiões.

Fábio Roberto Cordeiro, gestor de negócios do escritório, comenta que a paradiplomacia – cooperação entre governos regionais – é um dos pilares dessa parceria.

Universidades como UFMS, UFGD e UCDB já participam de ações conjuntas com instituições chilenas. “Essas colaborações abrem novas possibilidades de pesquisa e desenvolvimento para ambos os lados, além de fortalecer o intercâmbio de conhecimentos”, explica Cordeiro.

Conhecendo Tarapacá

Localizada em uma região desértica do norte do Chile, Tarapacá tem características bem diferentes de Mato Grosso do Sul. Segundo Oscar Tápia, o deserto domina a paisagem, mas a região também é conhecida por suas praias, como a famosa Playa Cavancha, e por seus esportes radicais, como o surfe e parapente.

“Temos o Rally Dakar e um ecossistema turístico que mistura belezas naturais com a rica história indígena”, acrescenta.

Apesar da bússola sempre apontar para o norte, desta vez a pujança e a grandeza de fertilidades mil está ao sul. E isso são o orgulho e a certeza do futuro do Brasil.

Confira a reportagem em áudio na íntegra: