O Pantanal está prestes a enfrentar a pior cerca já registrada em mais de um século de monitoramento. A constatação foi feita pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). Esses dados foram apresentados durante a 5ª reunião da Sala de Crise do Pantanal, realizada nesta quarta-feira (6). Previsão que a atual estiagem deve ser a pior em 121 anos.
A seca mais severa já observada no bioma até então ocorreu em 1967. Nesse período, o nível do rio chegou a – 61 centímetros na régua de Ladário. Atualmente, esse nível está em – 52 centímetros, que é medição menor na comparação com 2020.
A Sala de Crise do Pantanal é organizada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O hidrólogo e pesquisador em Geociências do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) Marcus Suassuna Santos, fez o estudo que indicou essa condição com base no sistema de alerta hidrológico que é feito durante todo o ano, por meio de boletins semanais.
"2021 é um dos anos mais críticos em relação à seca, apresentando os menores índices em 121 anos. Neste momento, essa é a quinta pior seca da história da região. Pela tendência atual, é possível que o rio alcance níveis históricos como aqueles de 1964, quando o rio atingiu a cota de -61 cm.”, destacou o especialista.
Sobre a situação de chuvas, a meteorologista do Grupo de Previsão de Tempo no Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) Caroline Vidal apresentou mapas de anomalia de precipitação de chuva no Brasil. Neste semestre, entre os meses de julho e setembro, as chuvas estão abaixo da média e o período é um dos mais secos desde 2010. “Onde há chuvas abaixo da média, há temperaturas acima do padrão. A tendência é que as chuvas concentradas no norte do país migrem para o centro-oeste e sudeste”.
O pesquisador meteorologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), Giovanni Dolif, destacou a situação meteorológica na região do Pantanal apontando que há identificado o menor déficit de chuva neste mês com comparação ao mesmo período de 2020, de acordo com o Índice Integrado de Seca (IIS). Ele alertou, ainda, para uma expectativa de chuvas acima do esperado na região, com transição para estação chuvosa dentro da normalidade. Isso só deve ocorrer em 2022.
Os Sistemas de Alerta Hidrológico implantados e operados pela CPRM tem o apoio da Agência Nacional de Água (ANA), por meio de aporte de recurso para operação das estações que compõem os Sistemas, as quais fazem parte da Rede Hidrometeorológica Nacional. A reunião foi conduzida pelo gerente na Coordenação de Evento Hidrológico Crítico da ANA, Vinícius Roman.