O relatório da Polícia Federal encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aponta a atuação do Tenente Portela na tentativa de golpe de Estado em Mato Grosso do Sul. Era ele quem falava pelo Bolsonaro com os financiadores das manifestações antidemocráticas aqui no estado.
O Correio do Estado que teve acesso ao relatório, aponta como Polícia Federal descobriu o envolvimento de Portela, depois de analisar os aparelhos celulares apreendidos nas operações. Os prints mostram as conversas do tenente com o então presidente Jair Bolsonaro e com o seu ajudante de ordem, coronel Cid. As investigações da PF indicam, ainda, Portela como frequentador assíduo do Palácio do Alvorada, no fim de 2022. Em dezembro daquele ano, quando Bolsonaro estava recluso no Alvorada, por causa da derrota eleitoral, Portela o visitou por 13 vezes.
Portela discutia com o ex-presidente e o coronel Cid a execução do movimento golpista. De acordo com o relatório da Polícia Federal, o tenente Portela chegou a cobrar do coronel Cid a realização do “churrasco”. Ele sentia pressionado pelos financiadores para execução da ruptura institucional. O “churrasco” era o codinome para se referir ao golpe.
“O pessoal q colaborou com a carne, estão colocando em dúvida, a minha solicitação”, disse Portela em conversa pelo aplicativo whatsapp com o coronel Cid. Já a “carne” era a cobrança dos financiadores para a consumação do golpe.
Nas conversas, tenente Portela demonstrava ansiedade e preocupação com a demora da execução do golpe. O coronel Cid procurou tranquilizá-lo em resposta a Portela. “Vai sim. Ponto de honra. Nada está acabado ainda da nossa parte”.
Coronel Cid se colocou à disposição para intermediar uma solução com os financiadores para aliviar a pressão. “Se quiser eu falo com eles… para tirar da sua conta”, disse Cid. “Se eles vier aqui em casa, eu ligo, por viva a voz (sic) p o sr”, respondeu Portela.
Depois dos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro de 2023, Portela sentiu-se mais pressionado. Na conversa com Cid, Portela expressou a sua preocupação. “Pessoal está em cima aqui, infelizmente vou ter que devolver parte desse pessoal, minha vida está um inferno”, queixou-se Portela. Ele disse que tentaria pagar os valores de forma parcelada aos financiadores e por não ter nenhum cargo, tentou pegar empréstimo consignado. Não conseguiu por insuficiência de margem.
Para a Polícia Federal, “diante dos diálogos identificados, restou claro que o investigado Tenente Portela atuou de forma direta na solicitação e arrecadação de recursos financeiros entre apoiadores do plano de ruptura do Estado Democrático de Direito.”
A Polícia Federal destacou, ainda, a relação de amizade de Portela e Bolsonaro desde quando serviram juntos no Exército, em Nioaque, nos anos 70.
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