Estiagem servera, redução de áreas com água, impacto na vida animal e na flora. Diversos fatores têm atingido o Pantanal nos dois últimos anos e há uma série de preocupações ocorrendo em torno do bioma. A realidade do “mundo das águas” ganha uma nova força por conta do 12 de novembro, considerado o Dia do Pantanal.
A discussão sobre como essa região única no mundo vai enfrentar um período de longa estiagem ganhou repercussão internacional quando em janeiro de 2020 a Universidade do Estado da Indiana, nos Estados Unidos, publicou estudo que abria com um questionamento: “Para onde vai o Pantanal?”. Nesse levantamento, publicado em revista especializada, pesquisadores apontaram para uma estiagem grave, com previsão de duração longa – até 2025 – e redução de áreas alagáveis.
Com menos água, os incêndios florestais ganham mais espaço para ocorreram. Os animais ficam com menor área para viver e a vegetação também sofre impacto.
Um total de 40 instituições estão atuando diretamente para analisar e desenvolver respostas e alertas sobre o que está ocorrendo no bioma. O Observatório do Pantanal atua em diferentes regiões e tenta conglomerar ambientalistas e pesquisadores para identificar medidas necessárias para se proteger essa região, que está com 80% de seu território em Mato Grosso do Sul e o restante em Mato Grosso.
Esse observatório, por exemplo, está envolvido em um debate que começou no dia 10 e foi até este dia 12 envolvendo Senado Federal, Tribunal de Justiça e Assembleia Legislativa de Mato Grosso. A conferência sobre o Estatuto do bioma do Pantanal Mato-grossense debate temas em torno do projeto de lei nº 5.482, de 2020, que debate a necessidade de se delimitar zoneamentos ecológicos e produção sustentável.
Em se tratando de produção sustentável, a pesquisadora da UFMS Letícia Couto Garcia desenvolve trabalho no Pantanal do Mato Grosso do Sul ligado ao uso do bioma de forma consciente. A pesquisa dela tem mais 10 anos de levantamentos e agora em 2021 ela venceu prêmio da Unesco-Academia Brasileira de Ciência por essa pesquisa desenvolvida. Conforme ela, é preciso celebrar a exuberância dessa natureza.
“Temos que nos preocupar com o Pantanal devido a toda essa sua conversão (sobre a vegetação nativa). A gente precisa se preocupar com as queimadas, por conta da seca. Os rios do Pantanal estão secos. Tudo isso é muito preocupante. Porém, a gente celebra porque há muita atenção agora para a preservação, proteção e uso de forma sustentável. Temos que manter esse sistema tão maravilhoso. Temos muito que comemorar e lutar”, observou a pesquisadora.
Estudos compilados pela Embrapa Pantanal identificaram que a temperaruta média no Pantanal, neste ano, aumentou em cerca de 1º. Isso foi suficiente para fazer com que os termômetros ultrapassagem os 40º C por vários dias, principalmente entre junho e agosto. Com essas condições de temperatura, foi verificado que além da falta de chuva para impactar na seca, o nível de evaporação do rio Paraguai estava mais alto do que de costume.
O Mapbiomas identificou que mais de 780 mil hectares de água já foram perdidos em MS entre 1985 e 2020.
E em relação ao fogo, o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da UFRJ (LASA) identificou que neste ano 261.800 hectares foram queimados.
As respostas ainda não são certas, mas o questionamento existe, para onde vai o Pantanal? Sem dúvida, falar em presevação é fundamental.