Um pastor de 59 anos foi preso em Campo Grande acusado de cometer crimes sexuais, incluindo estupro e posse sexual mediante fraude. Segundo a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), ele utilizava sua posição de líder religioso para atrair jovens em situação de vulnerabilidade, sob o pretexto de ajudá-las.
As investigações apontam que o suspeito identificava vítimas com dificuldades sociais, como dependência química e prostituição, e oferecia acolhimento. No entanto, após conquistar a confiança das jovens e de suas famílias, ele alegava que elas precisavam passar por “tratamentos espirituais” e as submetia a abusos.
Método de atuação e ameaças
A delegada Nelly Macedo, responsável pelo caso, detalhou o modo de agir do suspeito. Segundo ela, as vítimas eram obrigadas a participar de “orações de libertação” conduzidas apenas pelo pastor, durante as quais ele cometia os crimes.
“Ele dizia que, se não se submetessem, seriam possuídas por espíritos malignos. Quando começaram a questionar, ele passou a ameaçar familiares, dizendo que os mataria caso contassem para alguém”, explicou a delegada.
O acusado era pastor em Campo Grande há mais de oito anos, mas, até o momento, a polícia só possui relatos de crimes que ocorreram desde 2023. Os policiais identificaram cinco vítimas, com idades entre 13 e 21 anos. No local onde o pastor realizava os atendimentos, foram apreendidas anotações detalhadas sobre as vítimas, incluindo até mesmo o controle do ciclo menstrual delas, o que reforça a suspeita de que ele agia de forma meticulosa, recorrente e organizada.
Prisões e apelo por mais denúncias
A prisão do suspeito aconteceu na última terça-feira (18), no bairro Aero Rancho. Durante a coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (20), a delegada Nelly Macedo destacou que ele se apresenta como uma pessoa “bondosa” e era conhecido por ajudar a comunidade, o que facilitava a aproximação com as vítimas.
O delegado Pablo Gabriel Farias reforçou que o suspeito era muito solícito, chegando a oferecer comida, transporte e assistência a moradores do bairro.
“Ele ajudava as pessoas com alimentação, pequenos reparos e deslocamentos ao hospital. Isso criava um ambiente de confiança para cometer os abusos”, explicou.
A polícia acredita que possam existir mais vítimas e pede que qualquer pessoa que tenha passado por situações semelhantes procure a DEPCA ou a delegacia mais próxima.
“Sabemos que muitas vítimas têm medo ou vergonha de denunciar. Mas garantimos que o caso será tratado com sigilo e que há toda uma rede de apoio para acolhê-las”, afirmou a delegada Nelly Macedo.
Investigação continua
O pastor segue preso preventivamente por tempo indeterminado e responderá por estupro, estupro de vulnerável e posse sexual mediante fraude. A Polícia Civil também apura possíveis crimes cometidos em outras cidades onde o suspeito atuou como líder religioso em anos anteriores, como Aquidauana e Terenos.
A delegada enfatizou que o comportamento do acusado aponta para um “estuprador em série”, e as investigações continuam para identificar novas vítimas e ampliar o caso na Justiça.
“Temos um criminoso meticuloso, que seguia um padrão nos abusos e escolhia vítimas específicas. Acreditamos que ele pode ter cometido crimes em outras localidades e queremos que as vítimas saibam que ele já está preso e não vai sair tão cedo”, finalizou Nelly Macedo.