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Peixe mais caro desafia tradição da Semana Santa em Campo Grande, mas consumo segue firme

Pesquisa da Massa FM mostra que o kg do filé de tilápia pode variar mais de R$ 20 entre atacado e varejo na capita

Pintado é um dos mais procurados nesta semana - Foto: Reprodução/TVC
Pintado é um dos mais procurados nesta semana - Foto: Reprodução/TVC

Com a chegada da Semana Santa, os preços do peixe voltam a subir e reforçam o dilema de quem quer manter a tradição sem estourar o orçamento. Em Campo Grande, uma rápida comparação mostra que, como era de se esperar, a alta demanda puxou os valores para cima — e o impacto pesa principalmente no bolso de quem já enfrenta dificuldades.

A maior variação identificada pela reportagem foi no filé de tilápia, que pode ser encontrado de R$ 35 no atacado até R$ 55,90 no varejo. O pacu inteiro com espinha, um dos mais populares na região, está custando até R$ 24 o quilo, enquanto o pintado varia entre R$ 40 e R$ 52,90.

O tradicional bacalhau, queridinho das ceias religiosas, apresenta a maior oscilação: de R$ 60 até R$ 230 o quilo, conforme o tipo e a qualidade.

O dono de peixaria há mais de uma década na Capital, Antônio Matias, diz que o movimento começa a ganhar força a partir da quarta-feira. Segundo ele, pacu e pintado continuam entre os mais procurados, ao lado do filé de tilápia.

“O pessoal procura bastante peixe da região, da bacia pantaneira. Mas também tem muita gente buscando frutos do mar, como camarão, polvo e lula”, comenta.

Mesmo com o movimento dentro do esperado, Matias avalia que as vendas já foram melhores. Ele aponta a economia como fator limitante: “A tradição continua viva, mas o consumo caiu. Mesmo assim, só nessa semana as vendas costumam crescer até 300%”, afirma.

Enquanto isso, nos açougues, o cenário é o oposto. O movimento geralmente cai durante a Semana Santa, como explica Wesley da Silva, encarregado de um açougue no bairro Monte Líbano.

“Aqui tem muita gente católica. O consumo de carne vermelha chega a cair 30%. Antes era mais forte, hoje tem gente que não segue tanto a tradição.”

Apesar das mudanças de hábito, para muitas famílias a Sexta-feira Santa continua sendo um momento de pausa, união e respeito. É o caso de Cristiano Delfino, que mantém o mesmo ritual todos os anos.

“A gente reúne a família, faz o peixe empanado, o pirão. É um dia de silêncio, de não usar o celular, nem ligar a TV. Um momento de reflexão”, descreve.

E na casa de Cristiano, dois itens são sagrados: a pizza de sardinha e o peixe empanado. “Esses não podem faltar. Quando chega a Sexta-feira Santa, é tradição. Junta todo mundo e vai pra cozinha.”