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PRESERVAÇÃO

Pesquisas analisam impactos do fogo no Pantanal e estratégias de manejo para reduzir incêndios

Desde 2018, o Pantanal enfrenta ciclos de seca mais longos, uma situação que não ocorria desde a década de 1960

Estudo sendo colocado em prática - Foto: Divulgação/Governo de MS
Estudo sendo colocado em prática - Foto: Divulgação/Governo de MS

O Pantanal sul-mato-grossense, conhecido por sua resiliência natural, enfrenta desafios cada vez maiores devido às mudanças climáticas. Com períodos de seca prolongados e chuvas abaixo da média histórica, o risco de incêndios florestais se intensifica, colocando em evidência a necessidade de estratégias de manejo do fogo.

Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) analisam desde 2021 os impactos do fogo no bioma, buscando entender como a vegetação se recupera e qual o melhor momento para realizar queimadas controladas.

O estudo faz parte do programa Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (Peld) e do Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas (Nefau).

“O Pantanal tem uma sazonalidade muito forte, com períodos de cheia e seca bem definidos. A vegetação é adaptada ao fogo, mas precisamos entender melhor como ela se recupera e qual o intervalo ideal para o manejo”, explica o biólogo e professor da UFMS, Geraldo Damasceno Júnior.

Professor durante uma das pesquisas- Foto:Divulgação/Governo de MS

Segundo ele, algumas áreas conseguem se regenerar em apenas dois meses após um incêndio.

Seca e aumento do risco de queimadas

A falta de chuvas agrava a situação. Dados do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec) mostram que entre novembro de 2024 e fevereiro de 2025, o déficit hídrico chegou a 200 mm em Porto Murtinho e Porto Esperança. No ano anterior, a estiagem foi ainda mais severa, com um déficit de 400 mm no mesmo período.

“A irregularidade das chuvas continua sendo um problema. A previsão indica que nos próximos meses as precipitações devem permanecer abaixo da média histórica”, afirma a meteorologista Valesca Fernandes, coordenadora do Cemtec.

Desde 2018, o Pantanal enfrenta ciclos de seca mais longos, uma situação que não ocorria desde a década de 1960. “Estamos em um período prolongado de estiagem, o que favorece a propagação do fogo. Diferente do que ocorreu entre 1970 e 2015, quando os ciclos de cheia eram mais constantes”, destaca Carlos Padovani, pesquisador da Embrapa Pantanal.

Estratégias de prevenção e combate ao fogo

Para reduzir os impactos das queimadas, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) mantém bases avançadas em áreas remotas do Pantanal, facilitando o deslocamento das equipes de combate aos incêndios. Além disso, são realizadas ações educativas com comunidades locais e propriedades rurais, com foco na prevenção.

O uso controlado do fogo como técnica de manejo também está sendo estudado. “Estamos analisando como a queima controlada afeta diferentes paisagens, como os campos inundáveis, que são amplamente utilizados para pastagem. O objetivo é minimizar a ocorrência de incêndios de grande escala”, explica Damasceno.

*Com informações do Governo de MS