A Polícia Federal em Corumbá desencadeou segunda fase de operação para combater a migração ilegal de haitianos pela Bolívia neste dia 3. Em agosto, a PF já tinha atuado contra esse tipo de crime. Na manhã desta sexta (3), foram cumpridos 5 mandados de prisão preventiva e 11 de busca e apreensão, todos expedidos pela 1ª Vara Federal de Corumbá/MS.
Depois que houve prisões em agosto, os policiais federais identificaram que o esquema continuou acontecendo. A investigação atual é um desdobramento da operação realizada em 31 de agosto. "Foi possível detectar que, mesmo após a operação realizada naquele mês, um novo grupo criminoso atuaria explorando a lacuna deixada pelo grupo anterior, alvo da primeira ação", identificou a Polícia Federal.
O modo de atuação do novo grupo era semelhante. Os investigados articulavam um esquema de travessia de haitianos pelo local conhecido como “Trilha do Gaúcho”, na divisa do Brasil com a Bolívia. Por essa trilha que passa em uma mata é possível desviar das autoridades de fronteira dos dois países. Com a estiagem, o córrego que passa na região está baixo e ainda facilita a travessia.
"Nos períodos da manhã e noite, estes suspeitos buscavam meios de atravessar ilegalmente os migrantes, entre eles diversas crianças e mulheres grávidas, sempre exigindo vantagem econômica para tal fim. Já dentro da trilha, os estrangeiros eram auxiliados por 'carregadores' bolivianos, que tinham a função de mostrar o percurso até o território do país vizinho, além de prestar apoio no transporte das malas dos haitianos, mediante o pagamento de valores abusivos", indicou a investigação.
Esses valores, conforme apurado, estariam na faixa de R$ 500 ou até superior. O "pacote" de travessia poderia sair por mais de R$ 1 mil por pessoa.
Além da cobrança de valores abusivos e entrada ilegal no país vizinho, a PF identificou que coiotes chegaram a abandonar os cidadãos haitianos quando presenciaram que havia investigação e presença de policiais. Essa situação foi registrada em ao menos uma incursão realizada nessa região de mata.
Os investigados poderão responder pelos crimes de promoção de migração ilegal e organização criminosa (art. 232-A, § 1º do Código Penal e art. 2 da Lei 12.850/2013), conforme aprofundamento dos trabalhos investigativos.
"A operação chamou-se FOM’ALE II em razão da continuidade dos trabalhos da FO M’ALE. Este nome faz alusão a uma expressão em idioma Creole, falado no Haiti. Esta expressão significa “preciso ir embora” em tradução livre, e aduz a vontade destas pessoas em deixarem o país em busca de novas oportunidades em países como Chile, México e Estados Unidos.