O ex-presidente Jair Bolsonaro peitou os rebeldes do PL em Mato Grosso do Sul com ordem expressa para selar aliança com o PSDB nas eleições para prefeito de Campo Grande. O presidente regional do partido, deputado federal Marcos Pollon, não gostou nada dessa decisão e se lançou pré-candidato a prefeito. Ele cavou a própria cova com sua rebeldia com dois "tiros" nos pés. A sua candidatura acabou sendo sepultada.
Bolsonaro mandou o presidente regional do PL, Valdemar da Costa Neto, punir Pollon. Ele foi afastado do comando do partido no estado e o deputado federal Rodolfo Nogueira, amigo particular do ex-presidente, foi convidado para assumir o partido.
O estrago não parou por ai. A senadora Tereza Cristina, presidente regional do PP, estava nos Estados Unidos quando soube do rompimento do acordo do Bolsonaro para apoiar a reeleição da prefeita da Capital, Adriane Lopes. A mudança de postura de Bolsonaro nem sequer foi comunicada à Tereza antes de ser oficializada aliança do PL com PSDB. Isso abalou a amizade da senadora com ex-presidente e rachou ainda mais a direita no estado.
Valdemar foi à casa da Tereza na terça-feira para dizer que a decisão do PL apoiar o Beto Pereira foi do Bolsonaro, uma decisão isolada. Com essa informação, a senadora desistiu de falar com o ex-presidente. Não quis saber de papo.
O ex-presidente se envolveu tanto nessas articulações de última hora, que contribuiu para afundar ainda mais o PL na crise. Ele chamou o deputado estadual Coronel David para discutir os efeitos da aliança com PSDB. Bolsonaro sugeriu a indicação do seu nome para vice de Beto Pereira. O Coronel ponderou contribuir mais como deputado estadual e indicou como alternativa a ex-subcomandante da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS), Neidy Nunes Barbosa Centurião, a "Coronel Neidy". Bolsonaro aceitou de pronto. Ela terá agora sair do PSDB para ser candidata do PL na chapa de Beto. Até o estatuto dos militares será alterado para possibilitar policial militar da ativa a ser candidata nas eleições. O projeto de lei complementar foi apresentado na quarta-feira pelo deputado estadual Antônio Vaz (Republicanos).
Essa aliança fechada em última hora deixou grande parte dos bolsonaristas em estado choque. Pollon que teve uma reação mais explosiva e acabou sendo punido.
O ex-deputado estadual Capitão Contar não escondeu a sua frustração, mas evitou bater de frente com o Capitão Bolsonaro. Outro que não engoliu essa aliança foi o deputado estadual João Henrique Catan, que estava em pré-campanha para prefeitura e opositor ferrenho ao governo Eduardo Riedel (PSDB). No entanto, procurou evitar uma contestação mais dura publicamente para não criar arestas com Bolsonaro.
E quem saiu fortalecido nesse emaranhado todo foi o Coronel David. Ele vinha defendendo candidatura própria do partido, criticava as atitudes dos líderes, mas nunca bateu em Bolsonaro. David estava, inclusive, isolado no partido por divergência com a cúpula. Só o David quem acabou tendo participação decisiva na escolha da vice durante reunião com Bolsonaro, em Brasília.
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