O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou informações preliminares sobre o Censo Demográfico 2022 nesta segunda-feira (7). Os dados referentes à 13ª operação censitária mostram que a população indígena de Mato Grosso do Sul cresceu mais de 50% em 12 anos e que o estado possui o 3º maior número no Brasil.
Conforme o supervisor de divulgação do IBGE, Fernando Gallina, muitas melhorias foram feitas para que este censo fosse o maior e mais abrangente levantamento da população indígena do país realizado pelo instituto. A coleta das informações teve início em 1º de agosto de 2022 e os trabalhos de apuração foram concluídos em 28 de maio de 2023.
"De fato, esse é o maior levantamento que já fizemos. A gente fez o possível para melhorar a captação dessas informações ao longo dos últimos anos, é um processo de contínua melhoria desde 1991 quando foi realizado o primeiro censo. A primeira publicação detalhada sobre os indígenas foi em 2010 e agora em 2022 a gente vai ter um nível de detalhamento maior ainda, com os questionários de abordagem por exemplo, em que a gente entende a dinâmica das comunidades, se caçam, se coletam, qual a percepção da qualidade da água dos rios e muito mais", afirma o supervisor.
Os dados mostram que a população indígena total em Mato Grosso do Sul é de 116.346 pessoas, correspondendo à 4,22% da população levantada pelo censo, o que classifica o estado, que em 2010 era o 2º colocado, como o atual 3º do país com maior número de população indígena, atrás apenas do Amazonas, com 490.854 pessoas, e da Bahia com 229.103. Pernambuco (106.634) e Roraima (97.320) fecham os cinco estados com maior número de população indígena do Brasil.
Todos os 79 municípios do estado apresentaram presença de indígenas e 62 municípios apresentaram aumento da população entre 2010 e 2020. Os cinco maiores municípios de MS em população indígena são: Campo Grande, Dourados (a Terra Indígena Dourados tem a 6ª maior população indígena do país), Amambai, Aquidauana e Miranda.
O coordenador do Censo 2022 no município de Dourados, Leandro Cabral, conta que diversas dificuldades foram superadas para que a pesquisa chegasse às comunidades indígenas mais distantes no interior do estado.
"A gente tem as dificuldades de descolamento, a gente pegou meses de chuva e esses locais ainda são de difícil acesso, a gente teve que procurar veículos adequados; também a questão da capacitação, eu tive recenseadores que eram da Jaguapiru e recenseadores que eram da Bororó, mas eu gostaria de ter mais; e outro fator é a língua, principalmente com a população mais velha que tem dificuldade de falar a língua portuguesa, o guia que nos acompanha não pode responder pela pesoa, então a gente trabalhava junto para fazer com que a pessoa entendesse o que era perguntado e respondesse da maneira certa. Mas eram problemas que já estavamos preparados para lidar e conseguimos contornar com a ajuda da comunidade", explica o coordenador.
Dos cinco municípios com maior número de indígenas em MS, Campo Grande é a cidade com a maior população indígena, com 18.439 pessoas, em Dourados são 12.054 pessoas, Amambai conta com 9.988, Aquidauana 9.428 e Miranda 8.866.
A participante do Conselho Municipal dos Direitos e Defesa dos Povos Indígenas, Silvana de Souza de Albuquerque, também é descendente indígena e estava ansiosa pela divulgação dos dados. Ela foi até a sede do instituto acompanhar as informações e falou sobre a importância dos números para buscar por melhor qualidade de vida para essa população.
"Nós estávamos ansiosos com a devolutiva do censo, a gente sabe aqui em Campo Grande nós temos cerca de 18 mil indígenas e esses números nos ajudam a buscar políticas públicas frente aos órgãos públicos, reafirmando que precisamos de atendimento na saúde, na educação, na cultura, na infraestrutura e em outros setores. Então, com certeza, hoje nós temos dados consolidados para mostrar para os nossos gestores públicos em MS".
Indígenas no Brasil
A população indígena do país chegou a 1.693.535 pessoas em 2022, o que representa 0,83% do total de habitantes. Um pouco mais da metade (51,2%) estava concentrada na Amazônia Legal. Em 2010, quando foi realizado o Censo anterior, foram contados 896.917 indígenas no país. Isso equivale a um aumento de 88,82% em 12 anos, período em que esse contingente quase dobrou. O crescimento do total da população nesse mesmo período foi de 6,5%.
Dos 72,4 milhões domicílios particulares permanentes ocupados do Brasil, 630.041 (0,87%) têm pelo menos um morador indígena. Destes domicílios com pelo menos um morador indígena, 137.256 estão dentro de Terras Indígenas (21,79%) e 492.785 estão fora de Terras Indígenas (78,21%).
A região Centro-Oeste se destaca com maior percentual de domicílios com pelo menos um morador indígena dentro de Terras Indígenas (36,33%), seguida das regiões Norte (28,50%), Sul (27,38%), Nordeste (15%) e Sudeste (7,70%).
Por unidades da federação, Roraima tem maior percentual de domicílios com pelo menos um morador indígena localizado dentro de Terras Indígenas (58,84%), seguida do Mato Grosso (57,91%), Maranhão (52,59%) e Tocantins (51,13%). Os estados com maior percentual de domicílios com pelo menos um morador indígena fora de Terras Indígenas são Goiás (99,20%), Rio de Janeiro (99,16%), e Piauí (99,08%).
*Com informações da equipe de comunicação do IBGE