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Inflação

Preço do arroz sobe após medidas de importação do governo federal

Mercado de arroz no país e no mundo reagiu às medidas de compra pública anunciadas pelo Brasil; representantes do setor pedem cancelamento de leilão e da isenção da tarifa de importação

Governo zerou tarifa de importação de três tipos de arroz e anunciou compra pena Conab - Foto: Reprodução/Portal do Agronegócio
Governo zerou tarifa de importação de três tipos de arroz e anunciou compra pena Conab - Foto: Reprodução/Portal do Agronegócio

O CBN Agro, exibido aos sábados e durante a semana na Rádio CBN Campo Grande, tem abordado as questões ligadas ao mercado do arroz, item fundamental na cesta básica brasileira e que tem sido alvo de medidas desproporcionais e especulações, que já impactam o produtor rural, em especial o gaúcho, com produção de 70% do total nacional e, claro, atingem o consumidor brasileiro.

Logo na primeira semana dos desdobramentos da tragédia que atinge o estado do Rio Grande do Sul, o Governo Federal, sem considerar o posicionamento das entidades do setor ou especialistas do mercado, decidiu pela importação via estatal (como a Conab) de até 1 milhão de toneladas com isenção de tarifas, tributos, etc. 

Para que se compreenda a profundidade do tema e do risco, o Governo brasileiro não importa diretamente produtos desde a década de 90! Por outro lado, a importação de arroz sempre ocorreu no Brasil, realizada pela iniciativa privada que conta com "expertise" de fazer, principalmente, compras de países do Mercosul.

Somado à falta de habilidade estatal neste tipo de operação, é de conhecimento geral que possíveis fornecedores fora o Mercosul não seriam capazes de atender uma demanda extra. Os Estados Unidos produzem e estão em período de entressafra. A Índia, maior produtor e exportador global, suspendeu qualquer venda externa há meses.

São fatos para ilustrarem o problema, na verdade, de fácil compreensão e, para ser mais direto, não precisa ter estudado economia para entender que, tentar comprar um produto quando ele é escasso ou não existe, gera um processo inflacionário. É exatamente o que vimos nas ´últimas semanas, com o preço disparando na Malásia, subindo 30% nos países produtores do Mercosul e uma correria de brasileiros aos supermercados, sem a menor necessidade.

Conversamos com Carlos Cogo, um dos mais importantes especialistas do agronegócio brasileiro, gaúcho, que trouxe a seguinte definição sobre a importação governamental: "Uma decisão equivocada, intempestiva, inoportuna e, da para dizer, a longo prazo, desastrosa".

O economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, disse que a intenção de importar arroz pode ser "um grande tiro no nosso pé", se referindo aos gaúchos e brasileiros no geral.

A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) informou, em nota, discordar da ação que pode trazer severos problemas para o setor.

Para encerrar, também em nota, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) informou estar monitorando a logística e o abastecimentos dos produtos essenciais à população e, que até o momento, os estoques e as operações de abastecimento do varejo estão normalizados com diversas marcas, preços e promoções para atender à demanda de consumo tanto nas lojas físicas quanto pelo e-commerce.

Explicada a situação, nessa última sexta-feira, dia 24 de maio, em reunião da Câmara Setorial do Arroz em Brasília  – com a entrada de jornalistas suspensa por representantes do Governo-, entidades do setor arrozeiro gaúcho pediram ao Ministério da Agricultura a revisão das medidas recentes adotadas pelo governo federal em relação ao produto, como a autorização de compra pública de 1 milhão de toneladas de cereal importado e a isenção da tarifa de importação para arroz importado.

O pleito foi levado pela Federarroz, Fearroz e pelo Sindicato da Indústria do Arroz no Estado do Rio Grande do Sul.

Trata-se de um pedido de cancelamento, não apenas a suspensão do leilão de compra pública do cereal. Além disso, os representantes pediram revisão da isenção da TEC limitada a uma cota de 100 mil toneladas e até outubro.

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