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SEGURANÇA

Preso por estupro, polícia acredita que líder religioso fez mais vítimas em Campo Grande

Até o momento, 11 pessoas já foram menores identificadas como vítimas. Segundo a Polícia Civil, as denúncias podem ser feitas pelo Disque 100 ou na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente na Capital

Da esquerda para a direita, os delegados: Fábio Farias, Anne Karine Trevizan, Nelly Macedo e Roberto Morgado
Da esquerda para a direita, os delegados: Fábio Farias, Anne Karine Trevizan, Nelly Macedo e Roberto Morgado | Foto: Karina Anunciato/ CBN-CG

A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul (PCMS) acredita que mais pessoas podem ter sido vítimas de estupro e maus-tratos de um homem de 45 anos, conhecido como ‘pai de santo’, no Jardim Jaci, em Campo Grande.

O caso veio à tona na última segunda-feira (30), quando o homem foi preso em flagrante pelo estupro de dois adolescentes de 16 anos. Desde então, mais pessoas procuraram a polícia para denunciar que também foram vítimas. Até o momento, 11 pessoas foram identificadas. Conforme a polícia, outras pessoas foram apontadas como possíveis vítimas e devem ser chamadas para depor.

Segundo a titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), Anne Karine Trevizan, a maior parte das vítimas é de meninos, o que segundo ela pode dificultar a identificação de mais pessoas.

“A gente entende que o menino acaba ficando mais constrangido de denunciar. Então, para que ele não se sinta sozinho, nós vamos ampará-lo, nós vamos fazer uma investigação comprometida para que a gente possa conseguir uma condenação elevada desse autor”, explicou a delegada.

De acordo com a delegada, que acompanhou a prisão em flagrante do homem na última segunda-feira, Nelly Macedo –  em comum – as vítimas têm idade entre 13 e 17 anos, e vivem em situação de vulnerabilidade social. Esta condição, conforme a polícia, favorecia a influência do agressor sobre as vítimas.

“Muitos apresentavam problemas de comportamento em casa. É como se ele fornecesse à essas vítimas e para os familiares em si um acolhimento, uma alternativa e que ele iria cuidar desses adolescentes. No início seria uma convivência harmoniosa, ele parecia ser a melhor pessoa, mas depois ele começava a subjugar esses adolescentes física e psicologicamente”.

Ainda segundo as policiais, as famílias dos adolescentes desconheciam a violência sofrida pelos filhos, pois acreditavam que estavam fazendo o melhor, autorizando a permanência dos menores com o homem.

Entenda o caso 

Na segunda-feira (01), um adolescente de 16 anos procurou a polícia civil depois de ser agredido por um pai de santo. Segundo o garoto, ele e um outro adolescente também de 16 anos foram levados à casa do homem, onde foi oferecido a eles bebida alcoólica, durante toda a noite. A um dos menores também foi oferecida cocaína.

Em seguida, segundo relato da vítima, o homem começou a ficar violento, o agrediu e dopou o segundo adolescente, aparentemente, com uma medicação conhecida como clonazepam. Sem ter como reagir, o adolescente dopado foi arrastado até um quarto, onde foi agredido e estuprado. 

Mesmo ferido, um dos garotos conseguiu escapar e procurou a polícia para denunciar o caso. Segundo a polícia, no momento do flagrante, o outro rapaz – que ainda estava na casa – foi encontrado desmaiado no chão com marcas de violência.

“Ele estava muito machucado, principalmente na região do rosto, mas o corpo todo apresentava lesões. Havia marcas de sangue próximo a ele em todos os locais da casa”, informou a delegada Nelly.

O Serviço Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado para realizar o socorro médico. O homem, indicado como o agressor, estava na casa e não apresentou nenhuma resistência às ações policiais. Segundo a polícia, ele tem várias passagens por crimes violentos e já respondeu por um homicídio. Inclusive, usava este argumento para coagir as vítimas.

Na casa, havia um terceiro adolescente de 15 anos, que se apresentou como companheiro do preso. Uma das testemunhas, informou em depoimento, que o relacionamento começou quando o garoto tinha 13 anos, mas que se mudou para a casa do pai de santo com 14 anos. O homem deve responder por estupro de vulnerável.

O adolescente resgatado inconsciente no local do crime, já recebeu alta médica e está com a família.