O Instituto Arara Azul (ITA) é uma organização não-governamental que tem como finalidade a promoção da conservação ambiental. O Instituto desenvolve programas e projetos com este objetivo, como o Projeto Arara-Azul, desenvolvido desde 1990 no Pantanal, mantendo as populações viáveis de araras-azuis a médio e longo prazo em vida livre no seu ambiente natural.
Em Mato Grosso do Sul, o instituto possui o projeto araras na cidade, que há 13 anos monitora os grupos de aves que chegaram aos municípios de Terenos e Rochedo. E desde então, após o acompanhamento dos profissionais na migração dessas aves, foi registrado que Campo Grande se destaca pela permanência e a ocorrência de araras canindés habitantes, há casos de aves, inclusive, que nasceram há mais de 10 anos e continuam vivendo na cidade.
Mas viver no ambiente urbano também traz alguns riscos para a espécie e, entre eles, o maior é o risco de acidentes com a rede elétrica. Como explica a coordenadora do projeto arara azul e bióloga associada ao instituto, Neiva Guedes.
"Em Campo Grande e nas áreas urbanas onde as araras estão, elas têm os riscos de choque com rede de energia, esse é um dos principais fatores que leva a óbito. Mais de 60 araras nos últimos 10 anos foram a óbito por causa de rede de energia. O segundo fator é atropelamento, quando as araras estão saindo, principalmente próximas a rodovias ou em grandes avenidas. E linhas de serol, linhas cortantes com serol ou linhas chilenas, são o terceiro fator de óbito das araras, e isso é geral para cidades onde elas estão ocorrendo concomitantemente com as pessoas, são os principais fatores", disse a especialista.
Ainda segundo dados do instituto, todos os anos pelo menos 20 aves, a maiorida delas da espécie Arara-canindé, morrem por colidirem ou tocarem em fios de alta tensão da rede de energia.
Para tentar diminuir esse risco de mortalidade, o instituto arara azul possui uma parceria com a concessionária de energia do estado. e a bióloga explica melhor como o planejamento é aplicado na cidade.
"Esse trabalho de parceria com a Energista começou há mais de cinco anos atrás, onde a gente identifica alguns pontos que são críticos e que têm acidentes, ou que podem ocorrer acidentes com as araras, sejam próximos a ninhos naturais, que aqui são feitos em troncos de palmeiras mortas, em residências, em áreas públicas, em passeios, em parques, e quando tem uma fiação muito próxima, principalmente com um gerador. E também em áreas de alimentação, árvores frutíferas, dos quais as araras se alimentam, quando elas estão com a copa muito cheia e as araras não veem a fiação passando dentro, também pode gerar choque com a rede de energia. Já tivemos alguns acidentes no passado, então hoje a identificação é feita antecipadamente e a nossa coordenadora, a bióloga Larissa Tinoco, passa esses pontos críticos para a Energisa, para eles atuarem", disse a bióloga Neiva Guedes.
O gerente de Planejamento e Orçamento da Energisa, Rodolfo Pinheiro, fala sobre o que é feito pela energisa após o acionamento e pedido do instituto.
"Um técnico nosso vai até o local junto com o Instituto e a gente identifica o que é necessário fazer. Normalmente é feita a proteção do transformador, das buchas de transformador, das partes vivas, porque a Arara ela pousa no transformador e ela acaba encostando numa parte com energia. Então a gente tenta isolar todas essas partes vivas em regiões onde a gente tem rede de baixa tensão nua, rede de média tensão também nua. Então se houver um choque acidental das Araras em momentos que elas estão saindo do ninho ou chegando com a fiação, se o cabo estiver protegido, podemos minimizar isso", concluiu.