As pesquisas realizadas pelo País afora indicam o fracasso do PT nas urnas. É um partido popular sem o voto do eleitor. Até pode soar estranho, mas editorial do Estadão mostra essa realidade. Mesmo com um presidente da República, não está havendo conexão do PT com o eleitorado nacional.
Isso acendeu sinal de alerta no Planalto. O temor do presidente Lula, e do seu entorno, é que o PT e seus aliados percam a eleição para candidatos bolsonaristas na maioria das capitais. É o que pode acontecer se as pesquisas forem confirmadas.
Em Mato Grosso do Sul, o partido já era nanico, porque não conseguiu eleger nenhum prefeito nas eleições de 2020. E nesse pleito, o partido está com sérias dificuldades para conquistar prefeituras por estar enfrentando o poderio do PSDB, reforçado com aliança do PL e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em Campo Grande, a deputada federal Camila Jara, líder emergente do PT, ainda não conseguiu empolgar o eleitorado mesmo explorando a imagem do presidente Lula. Ela está, na reta final da campanha, longe do segundo turno. É até compreensível esse fraco desempenho de Camila, porque Capital hoje é composta por um eleitorado conservador. Não é o mesmo perfil do eleitor de 1996 quando o deputado estadual Zeca do PT, hoje vice de Camila, quase foi eleito prefeito. Ele perdeu o segundo turno por uma pequena diferença de 411 votos. E depois o PT teve outros embates acirrados com o PMDB. Com o passar do tempo, o eleitor da Capital ganhou maior densidade para o conservadorismo.
Nesta campanha, são três candidatos de direita e centro-direita se acotovelando nas ruas em busca de voto.
Alguém pode dizer que a Rose Modesto não seja de direita. Ela está mais para centro e está num partido de direita, o União Brasil, formado pela fusão do DEM com PSL, partido no qual Jair Bolsonaro foi eleito presidente. Era um nanico que se agigantou com a eleição de Bolsonaro.
Hoje a grande estrela do União Brasil no País é o governador Ronaldo Caiado, de Goiás, que se prepara para concorrer à Presidência da República, como candidato da direita. Ele esteve em Campo Grande no lançamento da candidatura de Rose Modesto. Ela hoje está concorrendo à prefeitura em um partido conservador que até ocupa ministério no Governo Lula em troca de apoio no Congresso Nacional. Só que nem todos os parlamentares do partido votam com o governo. A bancada, na verdade, ajudou a impor grandes derrotas ao presidente Lula no Congresso. A Rose, também, serviu o governo Lula como superintendente da Sudeco por indicação do governador Caiado. Ele é aliado de Bolsonaro e duro crítico a Lula. Mesmo assim, o presidente aceitou a indicação de Rose na Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) de olho nos votos do União Brasil no Congresso.
O candidato do PSDB, deputado federal Beto Pereira, conseguiu o apoio de Bolsonaro numa articulação conduzida pelo ex-governador Reinaldo Azambuja com o senador bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN). Essa aliança não ficou restrita a Campo Grande. Ela se estende a 39 municípios de Mato Grosso do Sul.
Azambuja, nesse acordo, será o candidato bolsonarista ao Senado. O ex-presidente aceitou se afastar da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), para apoiar Beto, porque Azambuja assumiu o compromisso de votar pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). E Bolsonaro quer, ainda, indicar o candidato a senador da segunda vaga na chapa. Ele não aceita, de forma alguma, a senadora Soraya Thronicke (Podemos), como candidata vinculada ao bolsonarismo. Ela foi eleita pelo PSL surfando na onda do Capitão Bolsonaro. Hoje, os dois estão rompidos. Soraya, no entanto, é aliada do governador Eduardo Riedel (PSDB) e apoia Beto para prefeito da Capital.
Quem pode ocupar essa segunda vaga é o senador Nelsinho Trad (PSD). Ele contrariou a orientação do partido, o mesmo de Rodrigo Pacheco (MG), presidente do Senado, e assinou o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes. Esse processo ainda não foi aberto, porque Pacheco se recusa a assinar.
Já a prefeita Adriane Lopes é a única que se declara publicamente candidata da direita. Ela é uma bolsonarista decepcionada com o abandono do ex-presidente. Mesmo assim, segue os ideais de Bolsonaro. Adriane espera, nessa reta final da campanha, atrair mais votos do eleitor bolsonarista.
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